terça-feira, 1 de outubro de 2013

Caminos Andinos - 19º dia

Depois de uma noite bem dormida e sem frio, pois haviam feito um super terrorismo com a gente sobre o frio, acordamos às 5h. No momento em que levantei da cama, descobri o que era frio de verdade! O termômetro estava marcando -20°. Sim, -20°. Nessa temperatura você sente os ossos doerem de frio. As pontas dos dedos doem. Qualquer umidade que tenha nessa temperatura congela.


Após o baque do frio, arrumamos nossa bagagem e entramos no carro rumo aos Geysers Sol de mañana. Durante o caminho, os vidros do carro ficaram congelados. Gêiseres são coisas muito loucas. É incrível ver aquele vapor todo saindo da terra. Os daqui se chamam Geysers Sol de Mañana porque só dá para ver o vapor de manhã, enquanto o ar do deserto está mais frio do que o vapor que sai da terra. Depois que o sol esquenta o ar não se vê mais o vapor, só dá para sentir o cheiro de enxofre.



Nossa próxima parada foi no lago de águas termais. A água é realmente quente, em torno de 35° e 37°, mas o grande problema é sair dessa água quente e voltar para a temperatura negativa que está fora do lago. Não tive coragem de entrar não.


Depois fomos para as Lagunas Verde e Blanca. A cor da Laguna Verde é por causa do cobre e arsênico que tem na água. Nas fotos elas são lindas, mas para nós não estavam tão bonitas pois estavam congeladas. A Blanca continuou branca, mas a verde ficou esbranquiçada por causa do gelo. O próximo passou foi a fronteira com o Chile, para a galera que vai para San Pedro de Atacama pegar o ônibus que vai até lá.








Achei o passeio legal. Vi coisas que dificilmente veria em outros lugares, como o deserto de sal, o de areia, gêiseres, lagoas coloridas, mas sinceramente achei muito caro e preferia ou ter esperado segunda-feira para fazer o DH de Coroico ou ter ido para casa mais cedo. Achei o nosso guia bem meia boca, o que deve ter contribuído para esse sentimento. Nesse passeio muito se anda de carro e pouco se conhece.

Nos despedimos dos nossos novos amigos malucos e começamos nossa jornada de volta para casa. Ela vai ser mais ou menos assim: 8 horas de volta a Uyuni, 8 horas até Sucre, 8 horas até Santa Cruz de la Sierra, 10 horas até Puerto Suarez e 22 horas até São Paulo.


Começamos nosso retorno para Uyuni por volta das 11h. Como disse, serão 8 horas de viagem, mas com muita emoção, pois o carro estava com pouca gasolina. Para compensar isso, o motorista foi acelerando tudo. Era engraçado porque eu não sabia se olhava para as curvas que ele entrava com tudo ou se olhava o marcador de combustível que estava cada vez mais baixo. O que seria menos pior, tombar o carro ou ficar parado sem gasolina no meio do nada? Para nossa sorte nenhum dos dois aconteceu. Com a gasolina no cheiro, chegamos a Laguna Colorada, onde havíamos passado a noite. Foi um alívio!

Pena que esse alívio foi momentâneo. Só conseguimos ¼ de tanque e ainda tínhamos mais 5 horas de viagem, mas o motorista disse que a gasolina dava para chegarmos no próximo vilarejo para abastecermos mais. O começo do segundo trecho foi tranquilo, mas conforme o ponteiro do combustível ia chegando no vermelho, a velocidade ia aumentando.

A estrada era cheia de curvas, não dava para ver nem nada de vilarejo e a gasolina estava quase no zero novamente. Foi quando fizemos uma curva e de trás da montanha surgiram algumas casinhas. Estávamos salvos. Mas de novo não por muito tempo, apenas até descermos do carro. Foi quando a mulher disse que não tinha combustível e que era para tentar no próximo vilarejo.

Ainda com a gasolina quase no zero, fomos em direção a Villa Aliota, local onde passamos a primeira noite. Já no vilarejo, almoçamos enquanto o motorista tentava conseguir mais gasolina. Ele conseguiu apenas 5 litros, o que dava para chegar até a Villa San Cristobal, onde existe um posto. Só que não podemos esquecer de um detalhe: havia a possibilidade do bloqueio dos mineiros ainda estar impedindo o abastecimento.


Em San Cristobal tinha fila no posto. Três carretas tanque tinham chegado lá. Acho que o bloqueio dos mineiros acabou. O motorista colocou Bs.70,00 do seu bolso, o que rendeu ¼ de tanque que foi o suficiente para as duas últimas horas até Uyuni. Na agência Colque Tours usamos o banheiro, tomamos um café bem quente, porque o lugar frio esse tal de Uyuni! E fomos esperar nosso ônibus para Sucre. 8 horas de viagem e 8 horas mais perto de casa. Desta vez vamos esperar só uma hora pela saída do busão. Contabilizando, estamos no quarto dia sem tomar banho.

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