segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Batalha no Rancho

Família reunida em casa, irmãos, tios, primos, amigos. Como é de praxe, na cozinha (local preferido para as reuniões), o falatório não para. É tão intenso que chega até a embaralhar as vistas. Minha mãe e minhas tias parecem travar uma batalha para saber quem fala mais alto! Diante disso tudo, o que fazer para sairmos da rotina e nos divertirmos em família?

Bom, já que falamos em batalha, porque não seguirmos até o Rancho Santo Antônio e nos aventurarmos na “Batalha no Rancho”, um lugar incrível em meio à mata preservada onde podemos dar muitas risadas jogando Paintball? Rapidamente todos aceitaram o desafio!

Em Campos do Jordão, seguindo rumo ao Horto Florestal, encontramos o Rancho Santo Antônio, famoso por preservar a natureza dentro da propriedade e oferecer atividades de ecoturismo de alto padrão! Lá podemos encontrar um dos melhores circuitos de arborismo do país, além de tirolesas, passeios a cavalo e claro, o paintball, que é praticado num campo em meio às araucárias, com trincheiras naturais e vários obstáculos que só fazem aumentar a diversão.

Tudo acertado, equipes divididas, cinco para cada lado, azul contra vermelho. Todos colocaram os macacões camuflados, vestimos as máscaras, carregamos as armas. Já com a adrenalina a mil e a ansiedade à flor da pele, cada equipe partiu para seu lado do campo. A equipe azul deu seu grito de guerra: “Socorroooooo”, seguidos pela equipe vermelha: “Vem que vem quicando”. O Juíz apitou e autorizou a batalha! Antes das bolinhas voarem pelo campo, o que primeiro voou pela mata de araucárias e trincheiras foram os sorrisos e as risadas de pessoas que se divertiram como não faziam desde a infância! Algumas marcas que os tiros deixaram no corpo foram exibidas como troféus aos colegas de trabalho.


Abaixo, o vídeo da nossa batalha de alegria, de sorriso e de diversão!


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lembranças Analógicas

Dirijo-me à velha escrivaninha que me foi dada pela minha avó. Ao abri-la me deparo com várias coisas, que por muitos podem ser julgadas como porcarias, mas não para mim, eu as considero lembranças. Corro rapidamente os olhos e encontro. Lá está, uma velha caixa de papelão. Dentro dela muitas boas histórias, muitas boas lembranças, muitos bons amigos.


Ao pegá-la, sutilmente surge em meu rosto um sorriso do tamanho de minha adolescência, o corpo todo se arrepia e uma felicidade indescritível toma conta de mim. O que tem dentro da caixa? Para explicar preciso voltar alguns anos no tempo, no início da década de 1990.


Entre 1993 e 1999 fui membro atuante no Movimento Escoteiro. Veja bem, eu não disse que fui escoteiro, porque uma vez escoteiro sempre escoteiro! Posso afirmar com toda convicção que esse período na minha adolescência foi o responsável por uma grande parte do que eu sou hoje, das melhores lembranças que tenho desse tempo e de grandes amigos que fiz para a vida toda. A propósito, são os amigos responsáveis pela caixa.

Acampamento em Bananal/SP - Agachado, nosso grande amigo que já partiu para o grande acampamento do céu: Roberto Nagib.

Com algumas amigas holandesas no 19º Jamboree Mundial do Chile, em 1999.

Caminhada da Tropa Sênior - à esquerda outro grande amigo que também partiu para o grande acampamento: Rodrigo Okido.
 
Aqui, na caminhada de Campos do Jordão à Piquete/SP, quando encontramos com a Tropa Sênior do extinto 12º G.E. Puris.


Nesse período, apesar da internet já existir, nos vários acampamentos que participávamos com outros grupos escoteiros, não trocávamos e-mails ou adicionávamos no Orkut ou Facebook, trocávamos endereços! Daqueles com nome de rua, bairro e CEP, que hoje só lembramos quando compramos algo... pela internet! Foram vários amigos. Dezenas deles. Todos ali, dentro da caixa, materializados em forma de carta.

Não são como os e-mails, que são todos iguais ou parecidos. Cartas são mais pessoais, trazem consigo a personalidade, a característica de cada um. São letras bonitas, garranchos, lisas, amassadas, desenhadas, rabiscadas, dobradas ou feitas por origami. Cada carta é como se fosse um pedacinho do seu remetente.  Na minha caixa, velha e com cheiro forte de bolor, amigos de várias cidades e estados.

Ao ler as cartas, me deparei com amigos com os quais ainda tenho contato, porém alguns eu me lembrei das histórias, do acampamento em que nos conhecemos, mas não consegui lembrar o rosto. Engraçado como alguns amigos vão saindo da nossa vida enquanto outros continuam tão presentes!



Foi nesse momento, com as cartas nas mãos, as lembranças de adolescência escoteira à flor da pele e uma saudade no peito que comecei a me questionar. Se fosse um e-mail, será que eu o estaria lendo 15 anos depois de recebido? Será que se a pessoa que recebeu uma carta minha teria o mesmo sentimento que tive quando reli as que recebi? Será que essas pessoas ainda moram no mesmo lugar? Qual seria a reação delas se recebessem uma carta minha hoje? Qual seria a minha reação se recebesse uma carta delas?


Não sei as respostas para essas perguntas. Não sei nem se um dia terei as respostas, ma sei que reler essas cartas foi como reviver vários acampamentos que marcaram minha adolescência, foi me sentir tão empolgado quanto ficava há 15, 16 anos atrás quando me preparava para um acampamento!

Elo Nacional  realizado em Campos do Jordão no ano de 1997.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Um país chamado Peru, e eu!

O Peru é um país mais organizado e mais rico do que a Bolívia, mas só um pouquinho mais rico. Logo na fronteira já se pode notar essa maior organização. O prédio da imigração é bem mais limpo e organizado, com funcionários mais bem vestidos. É algo bem parecido com algumas repartições públicas daqui do Brasil.

A moeda peruana também é mais forte e, consequentemente, as coisas são mais caras também. Mas nada comparado aos preços brasileiros. Apesar das coisas serem mais caras, foi no Peru que pude aperfeiçoar a minha arte de pechinchar. Não deixei de pechinchar com nenhum vendedor de artesanato. As batalhas de preços travadas com os vendedores são muito divertidas e acabam se tornando uma atração à parte!

Os peruanos estão um pouco melhor preparados para receber os turistas. Lá só podem ser guias aqueles que fizerem curso superior de turismo. A infraestrutura também é mais voltada ao turismo, com táxis, ônibus e restaurantes espalhados por todos os lados. É fácil notar essa vocação turística do Peru na plaza de armas de Cusco, o lugar parece uma Babel! Gente de todo tipo e de toda parte do mundo circula por lá.

Plaza de Armas de Cusco cheia de idas e vindas

O povo é um pouco mais frio, porém muito educados, acredito que pelo preparo maior que têm para atender os turistas. Enquanto nos táxis bolivianos conversávamos com os motoristas sobre todo tipo de assunto, no Peru o assunto era sempre o mesmo: turismo.

Islas Flotantes

Chinchero


Esse país vai ficar para sempre marcado na minha memória pois foi nele que fiz a Trilha Inca, um caminho mágico que nos leva muito além das ruínas de Machu Picchu. Nos leva para uma viagem de superação para dentro de nós mesmos. Quatro dias caminhando por paisagens deslumbrantes, em meio a muitas histórias e lugares com muita energia nos faz pensar e repensar sobre muitas coisas. Eu, particularmente, pensei muito nas pessoas que eu gosto. Através da energia dos incas eu pude sentir o carinho de todos que eu gosto e que gostam de mim.


Também foi na trilha inca que eu compreendi claramente o que Amyr Klink quis dizer com “ir até lá e ver com os próprios olhos”. Você estar no meio de tudo aquilo é algo indescritível. Neste exato pedaço desse texto que escrevi, fechei meus olhos e pensei em tudo o que eu vi e senti na trilha. Meus olhos se encheram de lágrimas, me arrepiei todo, senti uma imensa alegria, me enchi de energia boa, mas não consegui encontrar palavras para descrever o que verdadeiramente é a Trilha Inca.


Carregando comigo as melhores lembranças e a ótima sensação de ter um sonho realizado, saí do Peru, um país que transborda cultura e energia boa, vestindo meu melhor sorriso. Mas, diferentemente da Bolívia, sinto que vi tudo o que eu gostaria de ver por lá.


E, para encerrar o que me propus a fazer nesse balanço da viagem vem a parte mais difícil, descrever o que mudou em mim. Voltei dessas férias, que como eu havia planejado foram as melhores da minha vida até agora, com uma imensa vontade de realizar mais sonhos. Nessa jornada eu pude perceber que o que faz a realização de um sonho ser mágica não é somente o fato de chagar em Machu Picchu, mas sim todo o processo que passamos até nossos olhos observarem o objetivo. É o vislumbramento da ideia, é o planejamento, são as tentativas frustadas, são os adiamentos. Tudo isso junto faz o tempero do sonho ficar mais saboroso. São as horas que passamos imaginando como vai ser chegar lá. São as pessoas especiais, ou não tão especiais, que envolvemos nisso. São os devaneios compartilhados.

Eu descobri que quando realizamos um sonho, realizamos juntamente com todas as pessoas queridas. Acho que o meu maior aprendizado nessa viagem foi isso, por mais que o sonho tenha partido de dentro de mim, ele nunca vai ser só meu, porque quando gostamos de verdade de alguém, sonhamos juntos, realizamos juntos. Mesmo que esses "alguéns" tenham ficado.

Agora a questão que fica é: Qual o próximo passo? O próximo sonho?


Ainda não sei, mas estou de braços abertos para as próximas realizações!!!


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O que vi da Bolívia

Depois de muito tempo sem postar no blog, primeiro devido à correria do trabalho e depois por causa das férias, estou aqui de volta. Como este é o primeiro post do ano, vou fazer como a maioria de nós faz no réveillon, farei um balanço dos Caminos Andinos que percorri. Então, comecemos pela Bolívia!

Fazer essa viagem foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Realizar um sonho de adolescência é imensurável. Vou guardar tudo isso para sempre e vou contar as histórias da viagem por muitos e muitos anos, assim como as histórias do Jamboree Mundia do Chile, do meu trabalho de conclusão da faculdade na Aldeia Boa Vista, dos carnavais com os amigos.

Decidi fazer este balanço para registrar as impressões que tive dos lugares por onde passei, das pessoas que conheci e principalmente do que eu acho que mudou em mim, afinal tudo o que fazemos, tudo o que aprendemos e tudo o que passamos é para nos tornarmos pessoas melhores.

A Bolívia é um lugar sensacional! É um país pequeno mas com uma diversidade de paisagem muito grande. Lá tem altiplano, pantanal, deserto, deserto de sal, amazônia, enfim, muita coisa para conhecer. Acho que é preciso mais duas ou três férias para conhecer os melhores lugares de lá!

Fora as paisagens, também tem um povo bastante simpático e acolhedor. Claro que, como em todos lugares do mundo, nos grandes centros as pessoas são mais reservadas e menos solícitas. Mas no interior as pessoas são bem atenciosas. Na Isla del Sol, localizada no Lago Titicaca, além da mais bela paisagem (que me emocionou durante o pôr do sol que eu presenciei lá), foi o lugar onde fomos melhor acolhidos.

Nosso hostel na Isla del Sol, mais aconchegante só a casa da mamãe!


Como não se emocionar?

Fisicamente os bolivianos são bastante parecidos. A princípio parecem todos feios, no entanto a máxima de que a beleza está nos olhos de quem vê é real. Depois de vários dias perambulando por lá o que no primeiro instante era feio passou a mostrar sua beleza. Uma beleza diferente da que estamos habituados a ver por aqui. A grande verdade é que quando nos permitimos vivenciar e experimentar plenamente uma cultura diferente, esta nos apresenta a sua verdadeira beleza. Quando voltei para o Brasil, andando de ônibus em São Paulo, achei bem legal ver pessoas totalmente diferentes umas das outras. Realmente o Brasil é o país da diversidade cultural e étnica. Os bolivianos tem um rosto bem característico, facilmente identificado em qualquer parte do mundo, diferentemente do brasileiro, que pode ser de qualquer cor, qualquer raça, qualquer jeito.





No geral, a Bolívia é uma zona. Pessoas andando por todos os lados, carros andando em todos os sentidos, porém durante toda a viagem não vi nenhum acidente, nenhum atropelamento, nada! A sujeira toma conta das cidade, principalmente as grandes, as cholas fazem suas necessidades fisiológicas em qualquer lugar, usando suas saias como esconderijo, mas as paisagens e a natureza são muito mais limpas que por aqui. São raros os lixos que vemos jogados pelas trilhas ou sítios arqueológicos. O que também é engraçado é que existem lixeiras, ou basureiros, por todo lado, até nas cidades, e mesmo assim as cidades são sujas.



Tudo o que s evai fazer é pago, desde usar o banheiro até tirar uma foto com as cholas. No começo isso é um pouco irritante. Eu cheguei até a rotular os bolivianos como mercenários, mas depois, analisando tudo com calma, entendi que a Bolívia é um país ainda em desenvolvimento, quase não existem indústrias. Dificilmente um boliviano comum consegue um bom emprego, o que os transformam de mercenários à batalhadores que buscam um meio de sustentar suas famílias.



Antes de viajar, li muito sobre a corrupção na Bolívia, e ela realmente existe. Tudo é corruptível por lá. Desde a corrida de táxi ou uma passagem de trem, até a multa por falta de documento na fronteira. O Marcinho que o diga, primeiro teve que pagar multa, mas foi embora sem pagar depois de tanto reclamar. Lá o dinheiro compra tudo, nada muito diferente daqui, não é?

Outra coisa que li foi sobre a alimentação. Falaram horrores da comida, mas sinceramente, comi melhor na Bolívia do que no Peru. A truta boliviana é sensacional, foi o prato que mais comi. Sem contar as salteñas e empanadas que são uma delícia. O pão também, mesmo sendo um misto de pão italiano e de hambúrguer é muito bom. Com ovo frito então, como comemos no café da manhã na Isla del Sol, huummmmm, sem comentários!




A única coisa que realmente me deixou bravo por lá foi quanto às empresas de ônibus. Tivemos o azar de ter dois ônibus cancelados durante a nossa viagem. E nos dois casos só ficamos sabendo do cancelamento na hora de embarcar. Na primeira vez, a pior na minha opinião, fomos muito bem tratados na agência, até refeição recebemos, mas perdemos um dia de viagem e tivemos que ficar vagando por La Paz. Além disso ainda tivemos que pagar mais duas diárias no hostel. Na segunda vez o descaso foi bem maior. Estávamos em Sucre esperando o ônibus para Santa Cruz de la Sierra. Não apareceu ninguém da empresa para avisar do cancelamento ou dar alguma satisfação. Se não fosse um senhor que também iria pela empresa nos avisar teríamos nos complicado. O que fez o segundo cancelamento ser menos pior foi que, apesar da correria, conseguimos passagem em outro ônibus e não perdemos o voo de Santa Cruz de la Sierra Para São Paulo.


Contudo, acredito que se a Bolívia tivesse  governantes mais engajados, que olhassem mais para o potencial do seu país, seria um lugar perfeito para explorar o turismo. Se fosse investido mais em infraestrutura, talvez os bolivianos pudessem ter mais chances de melhorarem de vida. Mas, mesmo com todos os seus problemas e mazelas, recomento a Bolívia para qualquer aventureiro e com certeza está nos meus planos voltar para lá!

Bolívia, vá e se permita conhecer esse país que exala cultura!