O Peru é um
país mais organizado e mais rico do que a Bolívia, mas só um pouquinho mais
rico. Logo na fronteira já se pode notar essa maior organização. O prédio da
imigração é bem mais limpo e organizado, com funcionários mais bem vestidos. É
algo bem parecido com algumas repartições públicas daqui do Brasil.
A moeda
peruana também é mais forte e, consequentemente, as coisas são mais caras
também. Mas nada comparado aos preços brasileiros. Apesar das coisas serem mais
caras, foi no Peru que pude aperfeiçoar a minha arte de pechinchar. Não deixei
de pechinchar com nenhum vendedor de artesanato. As batalhas de preços
travadas com os vendedores são muito divertidas e acabam se tornando uma
atração à parte!
Os peruanos
estão um pouco melhor preparados para receber os turistas. Lá só podem ser guias
aqueles que fizerem curso superior de turismo. A infraestrutura também é mais
voltada ao turismo, com táxis, ônibus e restaurantes espalhados por todos os
lados. É fácil notar essa vocação turística do Peru na plaza de armas de Cusco,
o lugar parece uma Babel! Gente de todo tipo e de toda parte do mundo circula
por lá.
O povo é um
pouco mais frio, porém muito educados, acredito que pelo preparo maior que têm
para atender os turistas. Enquanto nos táxis bolivianos conversávamos com os
motoristas sobre todo tipo de assunto, no Peru o assunto era sempre o mesmo:
turismo.
Esse país
vai ficar para sempre marcado na minha memória pois foi nele que fiz a Trilha
Inca, um caminho mágico que nos leva muito além das ruínas de Machu Picchu. Nos
leva para uma viagem de superação para dentro de nós mesmos. Quatro dias
caminhando por paisagens deslumbrantes, em meio a muitas histórias e lugares
com muita energia nos faz pensar e repensar sobre muitas coisas. Eu,
particularmente, pensei muito nas pessoas que eu gosto. Através da energia dos
incas eu pude sentir o carinho de todos que eu gosto e que gostam de mim.
Também foi
na trilha inca que eu compreendi claramente o que Amyr Klink quis dizer com “ir
até lá e ver com os próprios olhos”. Você estar no meio de tudo aquilo é algo
indescritível. Neste exato pedaço desse texto que escrevi, fechei meus olhos e
pensei em tudo o que eu vi e senti na trilha. Meus olhos se encheram de
lágrimas, me arrepiei todo, senti uma imensa alegria, me enchi de energia boa,
mas não consegui encontrar palavras para descrever o que verdadeiramente é a
Trilha Inca.
Carregando
comigo as melhores lembranças e a ótima sensação de ter um sonho realizado, saí
do Peru, um país que transborda cultura e energia boa, vestindo meu melhor
sorriso. Mas, diferentemente da Bolívia, sinto que vi tudo o que eu gostaria de
ver por lá.
E, para
encerrar o que me propus a fazer nesse balanço da viagem vem a parte mais
difícil, descrever o que mudou em mim. Voltei dessas férias, que como eu havia
planejado foram as melhores da minha vida até agora, com uma imensa vontade de
realizar mais sonhos. Nessa jornada eu pude perceber que o que faz a realização
de um sonho ser mágica não é somente o fato de chagar em Machu Picchu, mas sim
todo o processo que passamos até nossos olhos observarem o objetivo. É o vislumbramento da ideia, é o planejamento, são as tentativas frustadas, são os
adiamentos. Tudo isso junto faz o tempero do sonho ficar mais saboroso. São as
horas que passamos imaginando como vai ser chegar lá. São as pessoas especiais,
ou não tão especiais, que envolvemos nisso. São os devaneios compartilhados.
Eu descobri
que quando realizamos um sonho, realizamos juntamente com todas as pessoas
queridas. Acho que o meu maior aprendizado nessa viagem foi isso, por mais que
o sonho tenha partido de dentro de mim, ele nunca vai ser só meu, porque quando
gostamos de verdade de alguém, sonhamos juntos, realizamos juntos. Mesmo que
esses "alguéns" tenham ficado.
Agora a
questão que fica é: Qual o próximo passo? O próximo sonho?
Nenhum comentário:
Postar um comentário