segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O que vi da Bolívia

Depois de muito tempo sem postar no blog, primeiro devido à correria do trabalho e depois por causa das férias, estou aqui de volta. Como este é o primeiro post do ano, vou fazer como a maioria de nós faz no réveillon, farei um balanço dos Caminos Andinos que percorri. Então, comecemos pela Bolívia!

Fazer essa viagem foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Realizar um sonho de adolescência é imensurável. Vou guardar tudo isso para sempre e vou contar as histórias da viagem por muitos e muitos anos, assim como as histórias do Jamboree Mundia do Chile, do meu trabalho de conclusão da faculdade na Aldeia Boa Vista, dos carnavais com os amigos.

Decidi fazer este balanço para registrar as impressões que tive dos lugares por onde passei, das pessoas que conheci e principalmente do que eu acho que mudou em mim, afinal tudo o que fazemos, tudo o que aprendemos e tudo o que passamos é para nos tornarmos pessoas melhores.

A Bolívia é um lugar sensacional! É um país pequeno mas com uma diversidade de paisagem muito grande. Lá tem altiplano, pantanal, deserto, deserto de sal, amazônia, enfim, muita coisa para conhecer. Acho que é preciso mais duas ou três férias para conhecer os melhores lugares de lá!

Fora as paisagens, também tem um povo bastante simpático e acolhedor. Claro que, como em todos lugares do mundo, nos grandes centros as pessoas são mais reservadas e menos solícitas. Mas no interior as pessoas são bem atenciosas. Na Isla del Sol, localizada no Lago Titicaca, além da mais bela paisagem (que me emocionou durante o pôr do sol que eu presenciei lá), foi o lugar onde fomos melhor acolhidos.

Nosso hostel na Isla del Sol, mais aconchegante só a casa da mamãe!


Como não se emocionar?

Fisicamente os bolivianos são bastante parecidos. A princípio parecem todos feios, no entanto a máxima de que a beleza está nos olhos de quem vê é real. Depois de vários dias perambulando por lá o que no primeiro instante era feio passou a mostrar sua beleza. Uma beleza diferente da que estamos habituados a ver por aqui. A grande verdade é que quando nos permitimos vivenciar e experimentar plenamente uma cultura diferente, esta nos apresenta a sua verdadeira beleza. Quando voltei para o Brasil, andando de ônibus em São Paulo, achei bem legal ver pessoas totalmente diferentes umas das outras. Realmente o Brasil é o país da diversidade cultural e étnica. Os bolivianos tem um rosto bem característico, facilmente identificado em qualquer parte do mundo, diferentemente do brasileiro, que pode ser de qualquer cor, qualquer raça, qualquer jeito.





No geral, a Bolívia é uma zona. Pessoas andando por todos os lados, carros andando em todos os sentidos, porém durante toda a viagem não vi nenhum acidente, nenhum atropelamento, nada! A sujeira toma conta das cidade, principalmente as grandes, as cholas fazem suas necessidades fisiológicas em qualquer lugar, usando suas saias como esconderijo, mas as paisagens e a natureza são muito mais limpas que por aqui. São raros os lixos que vemos jogados pelas trilhas ou sítios arqueológicos. O que também é engraçado é que existem lixeiras, ou basureiros, por todo lado, até nas cidades, e mesmo assim as cidades são sujas.



Tudo o que s evai fazer é pago, desde usar o banheiro até tirar uma foto com as cholas. No começo isso é um pouco irritante. Eu cheguei até a rotular os bolivianos como mercenários, mas depois, analisando tudo com calma, entendi que a Bolívia é um país ainda em desenvolvimento, quase não existem indústrias. Dificilmente um boliviano comum consegue um bom emprego, o que os transformam de mercenários à batalhadores que buscam um meio de sustentar suas famílias.



Antes de viajar, li muito sobre a corrupção na Bolívia, e ela realmente existe. Tudo é corruptível por lá. Desde a corrida de táxi ou uma passagem de trem, até a multa por falta de documento na fronteira. O Marcinho que o diga, primeiro teve que pagar multa, mas foi embora sem pagar depois de tanto reclamar. Lá o dinheiro compra tudo, nada muito diferente daqui, não é?

Outra coisa que li foi sobre a alimentação. Falaram horrores da comida, mas sinceramente, comi melhor na Bolívia do que no Peru. A truta boliviana é sensacional, foi o prato que mais comi. Sem contar as salteñas e empanadas que são uma delícia. O pão também, mesmo sendo um misto de pão italiano e de hambúrguer é muito bom. Com ovo frito então, como comemos no café da manhã na Isla del Sol, huummmmm, sem comentários!




A única coisa que realmente me deixou bravo por lá foi quanto às empresas de ônibus. Tivemos o azar de ter dois ônibus cancelados durante a nossa viagem. E nos dois casos só ficamos sabendo do cancelamento na hora de embarcar. Na primeira vez, a pior na minha opinião, fomos muito bem tratados na agência, até refeição recebemos, mas perdemos um dia de viagem e tivemos que ficar vagando por La Paz. Além disso ainda tivemos que pagar mais duas diárias no hostel. Na segunda vez o descaso foi bem maior. Estávamos em Sucre esperando o ônibus para Santa Cruz de la Sierra. Não apareceu ninguém da empresa para avisar do cancelamento ou dar alguma satisfação. Se não fosse um senhor que também iria pela empresa nos avisar teríamos nos complicado. O que fez o segundo cancelamento ser menos pior foi que, apesar da correria, conseguimos passagem em outro ônibus e não perdemos o voo de Santa Cruz de la Sierra Para São Paulo.


Contudo, acredito que se a Bolívia tivesse  governantes mais engajados, que olhassem mais para o potencial do seu país, seria um lugar perfeito para explorar o turismo. Se fosse investido mais em infraestrutura, talvez os bolivianos pudessem ter mais chances de melhorarem de vida. Mas, mesmo com todos os seus problemas e mazelas, recomento a Bolívia para qualquer aventureiro e com certeza está nos meus planos voltar para lá!

Bolívia, vá e se permita conhecer esse país que exala cultura!

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