Depois de muito tempo sem postar no blog, primeiro devido à correria do
trabalho e depois por causa das férias, estou aqui de volta. Como este é o
primeiro post do ano, vou fazer como a maioria de nós faz no réveillon, farei
um balanço dos Caminos Andinos que percorri. Então, comecemos pela Bolívia!
Fazer essa viagem foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Realizar
um sonho de adolescência é imensurável. Vou guardar tudo isso para sempre e vou
contar as histórias da viagem por muitos e muitos anos, assim como as histórias
do Jamboree Mundia do Chile, do meu trabalho de conclusão da faculdade na
Aldeia Boa Vista, dos carnavais com os amigos.
Decidi fazer este balanço para registrar as impressões que tive dos
lugares por onde passei, das pessoas que conheci e principalmente do que eu
acho que mudou em mim, afinal tudo o que fazemos, tudo o que aprendemos e tudo
o que passamos é para nos tornarmos pessoas melhores.
A Bolívia é um lugar sensacional! É um país pequeno mas com uma
diversidade de paisagem muito grande. Lá tem altiplano, pantanal, deserto,
deserto de sal, amazônia, enfim, muita coisa para conhecer. Acho que é preciso
mais duas ou três férias para conhecer os melhores lugares de lá!
Fora as paisagens, também tem um povo bastante simpático e acolhedor.
Claro que, como em todos lugares do mundo, nos grandes centros as pessoas são
mais reservadas e menos solícitas. Mas no interior as pessoas são bem
atenciosas. Na Isla del Sol, localizada no Lago Titicaca, além da mais bela
paisagem (que me emocionou durante o pôr do sol que eu presenciei lá), foi o
lugar onde fomos melhor acolhidos.
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Nosso hostel na Isla del Sol, mais aconchegante só a casa da mamãe! |
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Como não se emocionar? |
Fisicamente os bolivianos são bastante parecidos. A princípio parecem
todos feios, no entanto a máxima de que a beleza está nos olhos de quem vê é
real. Depois de vários dias perambulando por lá o que no primeiro instante era
feio passou a mostrar sua beleza. Uma beleza diferente da que estamos
habituados a ver por aqui. A grande verdade é que quando nos permitimos vivenciar
e experimentar plenamente uma cultura diferente, esta nos apresenta a sua
verdadeira beleza. Quando voltei para o Brasil, andando de ônibus em São Paulo,
achei bem legal ver pessoas totalmente diferentes umas das outras. Realmente o
Brasil é o país da diversidade cultural e étnica. Os bolivianos tem um rosto
bem característico, facilmente identificado em qualquer parte do mundo,
diferentemente do brasileiro, que pode ser de qualquer cor, qualquer raça,
qualquer jeito.
No geral, a Bolívia é uma zona. Pessoas andando por todos os lados,
carros andando em todos os sentidos, porém durante toda a viagem não vi nenhum
acidente, nenhum atropelamento, nada! A sujeira toma conta das cidade,
principalmente as grandes, as cholas fazem suas necessidades fisiológicas em
qualquer lugar, usando suas saias como esconderijo, mas as paisagens e a
natureza são muito mais limpas que por aqui. São raros os lixos que vemos
jogados pelas trilhas ou sítios arqueológicos. O que também é engraçado é que
existem lixeiras, ou basureiros, por todo lado, até nas cidades, e mesmo assim
as cidades são sujas.
Tudo o que s evai fazer é pago, desde usar o banheiro até tirar uma
foto com as cholas. No começo isso é um pouco irritante. Eu cheguei até a rotular
os bolivianos como mercenários, mas depois, analisando tudo com calma, entendi
que a Bolívia é um país ainda em desenvolvimento, quase não existem indústrias.
Dificilmente um boliviano comum consegue um bom emprego, o que os transformam
de mercenários à batalhadores que buscam um meio de sustentar suas famílias.
Antes de viajar, li muito sobre a corrupção na Bolívia, e ela realmente
existe. Tudo é corruptível por lá. Desde a corrida de táxi ou uma passagem de trem,
até a multa por falta de documento na fronteira. O Marcinho que o diga,
primeiro teve que pagar multa, mas foi embora sem pagar depois de tanto
reclamar. Lá o dinheiro compra tudo, nada muito diferente daqui, não é?
Outra coisa que li foi sobre a alimentação. Falaram horrores da comida,
mas sinceramente, comi melhor na Bolívia do que no Peru. A truta boliviana é
sensacional, foi o prato que mais comi. Sem contar as salteñas e empanadas que
são uma delícia. O pão também, mesmo sendo um misto de pão italiano e de
hambúrguer é muito bom. Com ovo frito então, como comemos no café da manhã na
Isla del Sol, huummmmm, sem comentários!
A única coisa que realmente me deixou bravo por lá foi quanto às
empresas de ônibus. Tivemos o azar de ter dois ônibus cancelados durante a
nossa viagem. E nos dois casos só ficamos sabendo do cancelamento na hora de
embarcar. Na primeira vez, a pior na minha opinião, fomos muito bem tratados na
agência, até refeição recebemos, mas perdemos um dia de viagem e tivemos que
ficar vagando por La Paz. Além disso ainda tivemos que pagar mais duas diárias
no hostel. Na segunda vez o descaso foi bem maior. Estávamos em Sucre esperando
o ônibus para Santa Cruz de la Sierra. Não apareceu ninguém da empresa para
avisar do cancelamento ou dar alguma satisfação. Se não fosse um senhor que
também iria pela empresa nos avisar teríamos nos complicado. O que fez o
segundo cancelamento ser menos pior foi que, apesar da correria, conseguimos
passagem em outro ônibus e não perdemos o voo de Santa Cruz de la Sierra Para
São Paulo.
Contudo, acredito que se a Bolívia tivesse governantes mais engajados, que olhassem mais
para o potencial do seu país, seria um lugar perfeito para explorar o turismo.
Se fosse investido mais em infraestrutura, talvez os bolivianos pudessem ter
mais chances de melhorarem de vida. Mas, mesmo com todos os seus problemas e
mazelas, recomento a Bolívia para qualquer aventureiro e com certeza está nos
meus planos voltar para lá!
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Bolívia, vá e se permita conhecer esse país que exala cultura! |