A viagem foi tranquila. Dormi um pouco,
fiquei olhando pela janela um pouco, ouvi música um pouco, mas
fiquei muito ansioso o tempo todo. Levando em consideração tudo o
que aconteceu, eu não descartava a hipótese do ônibus quebrar ou
sei lá o que acontecer. A maior parte da viagem foi em estrada de
terra. Antes da Bolívia, eu nunca tinha viajado tanto em estrada
assim, ainda bem que eu gosto disso. No finalzinho da noite senti um
pouco de frio, mas resolvi o problema usando meu anorak de cobertor.
Sem problemas ou mais perrengues,
chegamos à rodoviária de Santa Cruz de La Sierra às 7h20. Pegamos
as mochilas e eu já fui direto procurar um táxi para nos levar ao
aeroporto. Como eu já imaginava que o aeroporto seria longe da
cidade, guardei meus últimos Bs. 50,00 para o táxi. O taxista pediu
70 para nos levar até lá, eu pechinchei por 50 e ele disse 60. O
meu primo completou o dinheiro e colocamos as mochilas no carro.
Chegamos ao aeroporto de Viru Viru
(achei o nome engraçado) às 7h50. Foi o tempo certinho de fazer o
check-in, pagar a tasa de aeropuerto, passa pela imigração e
embarcar. O que foi diferente desta vez é que revistaram nossa
bagagem de mão. Na minha passagem fui contemplado com o assento 22c,
e o meu primo com o 10c. Usei esse tempo de viagem que eu fiquei
sozinho para pensar nas próximas viagens, com o meu irmão, com a
Paulinha, com meu pai, com minha mãe. Esse tempo sozinho também
serviu para eu perceber o quanto eu estava fedido, afinal, seis dias
sem tomar banho era meu recorde absoluto. Acho que antes não dava
para perceber tanto porque estávamos nos ônibus do povão, aqui
não, no avião a coisa já é mais elitizada, povo cheiroso, bem
arrumado. Confesso que me sinto mais a vontade com o povão. Já
estou até sentindo falta das cholas andando pelo corredor com suas
trouxas amarradas nas costas.
Depois de uma hora de voo começaram a
servir o lanche. Como estava prestes a voltar ao trabalho, para
entrar no clima pedi café puro. E para consagrar esta como a viagem
das surpresas, o café do avião foi o melhor café que eu tomei na
viagem toda. Às 13h, já no horário de Brasília, aterrissamos em
São Paulo. Na saída, como é de praxe, passamos pela Polícia
Federal, só que desta vez sem muita fila e formulário, para
preencher, afinal, estamos voltando para o nosso país! É muito bom
ouvir o povo na rua falando seu idioma.
Após essa parte burocrática, fomos
buscar as mochilas na esteira. Agora com a mochila nas costas e um
baita sorriso no rosto por estar de volta ao Brasil, fomos procurar
ônibus para a Rodoviária do Tietê. Encontramos um do Airport
Service por R$35,00. Uma vez meu pai tinha me falado que havia outros
ônibus e bem mais baratos. Fui procurá-los. Perguntei para o rapaz
que organiza o estacionamento do aeroporto e ele me mostrou o local
de onde sai o ônibus para a estação do Metrô Tatuapé. Pagamos
R$4,20 na passagem. Acho que foi uma boa economia.
Chegamos na estação do Metrô por
volta das 14h20, e às 14h50 estávamos no guichê da Pássaro
Marrom, na Rodoviária do Tietê, para comprarmos as passagens para o
ônibus das 15h para Campos do Jordão. Só que para o nosso azar o
ônibus estava lotado e o próximo sairia apenas às 18h30. Decidimos
ir no ônibus das 15h para Taubaté e depois pegarmos o das 18h de
Taubaté para Campos do Jordão.
Numa viagem bem tranquila e sossegada,
chegamos em Taubaté às 17h15. No caminho aproveitei o restinho de
bateria que tinha no meu celular e liguei para a Paulinha, para o meu
pai, para o meu irmão. Foi muito bom conversar com eles daqui do
Brasil. O último ônibus da viagem saiu com um pouquinho de atraso
e, finalmente, às 19h30, desembarquei em Campos do Jordão. Chegar
em casa, tomar banho depois de seis dias e ainda comer o arroz com
feijão da mamãe é tão bom quanto sair para viajar!
Agora, o jeito é arrumar as coisas da
viagem e começar a planejar a próxima!
Tão bom quando sair para viajar é voltar para casa!!! |