Depois de uma noite bem dormida e sem
frio, pois haviam feito um super terrorismo com a gente sobre o frio,
acordamos às 5h. No momento em que levantei da cama, descobri o que
era frio de verdade! O termômetro estava marcando -20°. Sim, -20°.
Nessa temperatura você sente os ossos doerem de frio. As pontas dos
dedos doem. Qualquer umidade que tenha nessa temperatura congela.
Após o baque do frio, arrumamos nossa
bagagem e entramos no carro rumo aos Geysers Sol de mañana. Durante
o caminho, os vidros do carro ficaram congelados. Gêiseres são
coisas muito loucas. É incrível ver aquele vapor todo saindo da
terra. Os daqui se chamam Geysers Sol de Mañana porque só dá para
ver o vapor de manhã, enquanto o ar do deserto está mais frio do
que o vapor que sai da terra. Depois que o sol esquenta o ar não se
vê mais o vapor, só dá para sentir o cheiro de enxofre.
Nossa próxima parada foi no lago de
águas termais. A água é realmente quente, em torno de 35° e 37°,
mas o grande problema é sair dessa água quente e voltar para a
temperatura negativa que está fora do lago. Não tive coragem de
entrar não.
Depois fomos para as Lagunas Verde e
Blanca. A cor da Laguna Verde é por causa do cobre e arsênico que
tem na água. Nas fotos elas são lindas, mas para nós não estavam
tão bonitas pois estavam congeladas. A Blanca continuou branca, mas
a verde ficou esbranquiçada por causa do gelo. O próximo passou foi
a fronteira com o Chile, para a galera que vai para San Pedro de
Atacama pegar o ônibus que vai até lá.
Achei o passeio legal. Vi coisas que
dificilmente veria em outros lugares, como o deserto de sal, o de
areia, gêiseres, lagoas coloridas, mas sinceramente achei muito caro
e preferia ou ter esperado segunda-feira para fazer o DH de Coroico
ou ter ido para casa mais cedo. Achei o nosso guia bem meia boca, o
que deve ter contribuído para esse sentimento. Nesse passeio muito
se anda de carro e pouco se conhece.
Nos despedimos dos nossos novos amigos
malucos e começamos nossa jornada de volta para casa. Ela vai ser
mais ou menos assim: 8 horas de volta a Uyuni, 8 horas até Sucre, 8
horas até Santa Cruz de la Sierra, 10 horas até Puerto Suarez e 22
horas até São Paulo.
Começamos nosso retorno para Uyuni por
volta das 11h. Como disse, serão 8 horas de viagem, mas com muita
emoção, pois o carro estava com pouca gasolina. Para compensar
isso, o motorista foi acelerando tudo. Era engraçado porque eu não
sabia se olhava para as curvas que ele entrava com tudo ou se olhava
o marcador de combustível que estava cada vez mais baixo. O que
seria menos pior, tombar o carro ou ficar parado sem gasolina no meio
do nada? Para nossa sorte nenhum dos dois aconteceu. Com a gasolina
no cheiro, chegamos a Laguna Colorada, onde havíamos passado a
noite. Foi um alívio!
Pena que esse alívio foi momentâneo.
Só conseguimos ¼ de tanque e ainda tínhamos mais 5 horas de
viagem, mas o motorista disse que a gasolina dava para chegarmos no
próximo vilarejo para abastecermos mais. O começo do segundo trecho
foi tranquilo, mas conforme o ponteiro do combustível ia chegando no
vermelho, a velocidade ia aumentando.
A estrada era cheia de curvas, não
dava para ver nem nada de vilarejo e a gasolina estava quase no zero
novamente. Foi quando fizemos uma curva e de trás da montanha
surgiram algumas casinhas. Estávamos salvos. Mas de novo não por
muito tempo, apenas até descermos do carro. Foi quando a mulher
disse que não tinha combustível e que era para tentar no próximo
vilarejo.
Ainda com a gasolina quase no zero,
fomos em direção a Villa Aliota, local onde passamos a primeira
noite. Já no vilarejo, almoçamos enquanto o motorista tentava
conseguir mais gasolina. Ele conseguiu apenas 5 litros, o que dava
para chegar até a Villa San Cristobal, onde existe um posto. Só que
não podemos esquecer de um detalhe: havia a possibilidade do
bloqueio dos mineiros ainda estar impedindo o abastecimento.
Em San Cristobal tinha fila no posto.
Três carretas tanque tinham chegado lá. Acho que o bloqueio dos
mineiros acabou. O motorista colocou Bs.70,00 do seu bolso, o que
rendeu ¼ de tanque que foi o suficiente para as duas últimas horas
até Uyuni. Na agência Colque Tours usamos o banheiro, tomamos um
café bem quente, porque o lugar frio esse tal de Uyuni! E fomos
esperar nosso ônibus para Sucre. 8 horas de viagem e 8 horas mais
perto de casa. Desta vez vamos esperar só uma hora pela saída do
busão. Contabilizando, estamos no quarto dia sem tomar banho.
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