Sempre aqui, no blog Nada + Pra Fazer!!!!
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Segundos de Colômbia!!!
Sempre aqui, no blog Nada + Pra Fazer!!!!
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Como surgiram as rãs
Teve um determinado tempo que Ñaderu, o deus pai de todos os
índios, percebeu que seus filhos aqui na terra não estavam mais rezando para
ele. Incomodado com o que estava acontecendo, resolveu aplicar uma punição aos
desobedientes. Sempre que um índio guarani deixasse de rezar por muito tempo,
Ñanderu o levaria para o céu e o transformaria em rã como castigo.
Ilustração: Guto Oliveira |
Não tardou para que o primeiro índio deixasse de rezar para
o deus guarani e como prometido, Ñanderu, o levou ao céu e o transformou em rã.
Descontente com o ocorrido e já ciente de que a rã seria um animal anfíbio, o
índio questionou:
- Mas Ñanderu, e se acabar a água? Onde eu vou viver? O que
eu faço?
Ñanderu respondeu:
- Nunca vou deixar faltar água para você. Quando acabar,
você me avisa que eu mando chuva para repor a água. Ah, e mais uma coisa. Se
mesmo com esse castigo você deixar de rezar, não vou trazer seu espírito aqui
para cima, ele vai morrer junto com o corpo, entendeu?
O índio respondeu que sim e logo foi transformado em rã e
devolvido para a terra.
Por isso que se diz que quando um sapo ou rã canta é porque
vai chover. Também é por isso que sapos e rãs só coaxam à noite. São os índios
castigados rezando. E quando você ouvir um coaxado fora do ritmo, é uma rã que
está rezando sem vontade, está fazendo por obrigação. É por esse motivo que os
guaranis não comem rãs.
Ilustração: Gabriel Moretson |
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
O Sol e a Lua – Cuaray e Diaty
Para os Guaranis Mbyá tudo que acontece e tudo que surge na natureza tem ligação direta com Ñanderú, com os espíritos protetores e com os próprios índios. E dessa forma, eles explicam como surgiram muitos fenômenos que presenciamos todos os dias e noites...
Quando Cuaray (Sol) estava na barriga de sua mãe, conforme
ela andava, ele ia pedindo: “Mãe, pega aquela flor pra mim”. E a mãe pegava.
Por todo o caminho ele pedia. Até que havia algumas flores cheias de abelhas, e
Cuaray pediu “Mãe, pega aquela flor pra mim”. A mãe pegou e levou várias
picadas das abelhas. Então a mãe deu um tapa na barriga e disse: “Não vou mais
te ouvir”.
Continuando o caminho, a estrada se dividiu em duas. A mãe
então perguntou:
- Para onde tenho que ir filho?
E Cuaray respondeu:
- Não falo mais!
Sozinha, a mãe decidiu ir pela estrada do lado esquerdo.
Depois de andar algum tempo pela estrada, a mãe foi atacada por uma onça e
morreu. Na verdade, a onça era Anhã, o espírito protetor dos animais, caçando
comida.
Anhã se reuniu com os outros para comer a mãe, quando
descobriu Cuaray dentro da barriga dela. Um deles disse:
- Eu não vou comer ele não, quero só a mãe.
- Eu também, responde outro.
- Eu também.
Até que um Anhã teve uma ideia:
- Por que a gente não cria ele? Ele pode caçar pra gente!
- Boa ideia, responderam os outros.
Ilustração: Roberto Torrubia |
Os Anhãs foram treinando Cuaray conforme ele crescia. Ele
foi se tornando um grande caçador. Os Anhãs nunca contaram para ele que haviam
matado a sua mãe, só falavam que tinha sido uma onça.
Um dia Cuaray questionou:
- Por que eu sou tão diferente de vocês?
Um dos Anhãs respondeu:
- É porque sua mãe veio de outro mundo e se casou com nosso
filho, seu pai.
Ñanderú, deus pai de todos os índios, cansado de ver essa
enganação toda, resolveu então mandar para terra o irmão de Cuaray, Diaty, para
contar-lhe a verdade.
Ilustração: Guto Oliveira |
Cuaray, muito bravo com os Anhãs, resolveu vingar a morte de
sua mãe:
- Diaty, amanhã os Anhãs vão pescar, a gente mergulha e fica
tirando a isca deles, mas não pode colocar na boca, tá? Explicou o irmão.
Diaty concordou e foram os dois para o rio. No entanto, em
determinado momento, Diaty não resistiu e colocou o anzol na boca. Os Anhãs,
felizes da vida, levaram Diaty e o comeram.
- Vocês podem deixar os ossos pra eu brincar? Só os ossos
por favor...” pediu Cuaray.
Os Anhãs atenderam o pedido de Cuaray, que levou os ossos
para Ñanderú e pediu que ele fizesse outro. Depois disso, Cuaray fugiu com o
irmão e nunca mais voltou para os Anhãs.
Diaty é a lua, e sua morte é lembrada todo mês, na lua nova.
A falta de lua no céu representa a morte de Diaty pelos Anhãs.
terça-feira, 24 de junho de 2014
A nova série...
Sei que estou meio sumido daqui. Não estava sendo fácil conciliar a jornada de trabalho estendida e os trabalhos da minha pós-graduação, mas agora estou de volta! Quer dizer, mais ou menos...
A partir do próximo final de semana embarcarei para a Colômbia, numa viagem de 20 dias por esse país cheio de histórias! Das montanhas ao litoral, da zona cafeeira ao mar do caribe, da metrópole à cidade histórica, tudo será detalhado e contado no mínimos detalhes na nova série Tierra del olvido, sempre aqui no Nada + Pra Fazer!
Abaixo, a música que embala a viagem!!!
Nos vemos em breve!!!
A partir do próximo final de semana embarcarei para a Colômbia, numa viagem de 20 dias por esse país cheio de histórias! Das montanhas ao litoral, da zona cafeeira ao mar do caribe, da metrópole à cidade histórica, tudo será detalhado e contado no mínimos detalhes na nova série Tierra del olvido, sempre aqui no Nada + Pra Fazer!
Abaixo, a música que embala a viagem!!!
Nos vemos em breve!!!
segunda-feira, 31 de março de 2014
Mundo Sub
Na primeira vez a sensação é estranha. A máscara. O
equipamento incômodo, um pouco pesado. Você entra vagarosamente na água e seu
rosto é submerso. A primeira reação é prender a respiração. Quando o ar já
quase falta, inspire; o ar chega com um silvo tranquilizador e, pela primeira
vez, você respira sob a água. Em poucos minutos, você esquecerá da máscara. O
equipamento passa a ser leve e ágil e você se sente livre como nunca antes. Com
a primeira respiração sob a água a porta para um mundo diferente se abre. Não é
um mundo independente, mas não deixa de ser diferente. Abra esta porta e entre.
Sua vida nunca mais será a mesma!
Somente você pode dizer o que lhe impele ao mergulho
autônomo. Se você procura por aventura, não ficará desapontado. Você a
encontrará quer seja em um navio naufragado enquanto desvenda seus segredos em
um recanto remoto do mundo entre outros povos e culturas, ou em sua região,
mais próximo do que imaginou ser possível.
Se você ama a natureza, veio ao lugar certo. Nenhum outro
meio ambiente se aproxima em abundância, diversidade e intensidade de um recife
de coral intacto. É possível ver mais espécies diversas em dez minutos em um
recife do que em dez horas nas regiões silvestres mais inexploradas acima da
superfície. Mas com o tempo, você descobrirá que mesmo lugares improváveis que
parecem vazios e estéreis às pessoas inexperientes como um lago ou pedreira
alagada, pulsam com organismos fascinantes, um lembrete de que a imaginação da
natureza excede a nossa.
Ouriço do Mar Azul |
Filhote de Paru |
Lagosta |
Cavalo Marinho |
Se descobertas lhe intrigam, bem vindo ao espaço interior.
Ainda que seja um clichê, não deixa de ser verdade que conhecemos melhor a
superfície da lua do que o fundo dos nossos oceanos. Até mesmo nos locais de
mergulho mais populares, você verá coisas que a maioria das pessoas nunca viu,
e visitará lugares aonde a maioria das pessoas nunca irá. Mesmo com uma
experiência de centenas de mergulhos, a visita a um novo local de mergulho traz
sempre novas emoções de descoberta e visitar um local conhecido é quase como
voltar para casa.
Paru adulto |
O mergulho autônomo significa enfrentar novos desafios. Ele
constitui uma das raras atividades que fazem a adrenalina correr no sangue e
provoca emoções fortes, ou traz calma e paz. Você pode aceitar desafios que
requerem treinamento, planejamento, equipamento e concentração: procurar
objetos perdidos, descer até 30 metros ou explorar seu local de mergulho
favorito após o pôr-do-sol. Ou você pode se deixar levar ao longo de alguns
ambientes mais tranquilos e lindos do mundo, sendo que a sua maior preocupação
imediata seria decidir se deseja ou não parar e fotografar uma estrela do mar.
De qualquer modo, a atividade de mergulho cresce com você. Há sempre algo novo
para ver, algum lugar novo para explorar, alguma nova maneira de desfrutar da
experiência. Nenhuma outra atividade se correlaciona tão fácil e precisamente às
suas expectativas de hoje, de amanhã e de dez anos no futuro. É impossível
superá-la.
Raia Manteiga |
Estrela do Mar |
Budião Vermelho |
Você provavelmente viu fotografias, programas de televisão e
filmes sobre mergulho, mas até que mergulhe é impossível compreender o que
significa mergulhar. Nada na superfície da terra pode ser comparado com as
sensações que você experimentará – a emoção de respirar debaixo d’água, a
liberdade de sentir-se “sem peso” e imagens e sons sem paralelo.
Ilha Anchieta - Ubatuba/SP |
(Texto de introdução, com algumas adaptações, da apostila do
curso básico de mergulho autônomo PADI)
segunda-feira, 10 de março de 2014
Uma ode à felicidade!
São 6h30 da
manhã, o celular desperta com uma música de sua preferência (no meu a música é
Three Little Birds, música de Bob Marley na voz de Gilberto Gil). Levantar,
trocar de roupa, lavar o rosto, escovar os dentes, tomar café, tirar o carro da
garagem para ir trabalhar, enfrentar o trânsito, bater cartão, resolver várias
coisas ao mesmo tempo, bater cartão para sair para o almoço, almoçar, escovar
os dentes, bater cartão para voltar do almoço, resolver outras várias coisas,
bater cartão de novo, pegar o carro e enfrentar o trânsito para voltar para
casa, fazer um lanche, tomar banho, assistir televisão, escovar os dentes, deitar,
apagar as luzes e dormir.
Apesar de
fazermos isso quase todos os dias, acredito que esse não seja o modelo de
felicidade almejada pela maioria de nós. Levando isso em consideração, comecei
a refletir sobre o que me traz felicidade? Você saberia responder essa
pergunta? O que te traz felicidade?
Depois de
muito pensar, e repensar, creio que a felicidade não seja uma constante e sim
fragmentos. E são esses fragmentos que podem fazer toda a diferença no nosso
dia-a-dia. São os pequenos detalhes, as pequenas lembranças que podem fazer toda
essa correria da rotina se tornar mais agradável. Finais de semana em viagem
com a namorada, encontros de família, baladinhas com os amigos, acampamentos,
viagens, músicas, sorrisos, parar o carro na faixa de pedestre para um idoso
atravessar, bom dia recebido por um estranho com um sorriso, sorrisos, sorrisos
e mais sorrisos!
São esses
pedacinhos de vida realmente bem vividos, e que às vezes, por um motivo
qualquer, deixamos passar que fazem toda a diferença nas nossas vidas, que nos
fazem contar aos amigos com entusiasmo e FE-LI-CI-DA-DE.
Meu irmão e eu num luau chuvoso no Cupim Místico. |
Se deixarmos de lado tudo de ruim e pesado que a rotina nos traz e nos apegarmos aos pequenos momentos bons, como diz meu amigo Marcelo Jeneci, "tem vez que as coisas pesam mais do que a gente pode aguentar. Nessa hora fique firme, pois tudo logo vai passar. Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser".
Para
encerrar, um vídeo do #wearecuritiba que, logo pela manhã de segunda-feira, me
fez abrir um largo sorriso que durou pelo dia todo!
Já que é só uma questão de ser, então sejamos!!!
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Batalha no Rancho
Família reunida em casa, irmãos, tios, primos, amigos. Como é de praxe,
na cozinha (local preferido para as reuniões), o falatório não para. É tão
intenso que chega até a embaralhar as vistas. Minha mãe e minhas tias parecem
travar uma batalha para saber quem fala mais alto! Diante disso tudo, o que
fazer para sairmos da rotina e nos divertirmos em família?
Bom, já que falamos em batalha, porque não seguirmos até o Rancho Santo
Antônio e nos aventurarmos na “Batalha no Rancho”, um lugar incrível em meio à
mata preservada onde podemos dar muitas risadas jogando Paintball? Rapidamente
todos aceitaram o desafio!
Em Campos do Jordão, seguindo rumo ao Horto Florestal, encontramos o
Rancho Santo Antônio, famoso por preservar a natureza dentro da propriedade e
oferecer atividades de ecoturismo de alto padrão! Lá podemos encontrar um dos
melhores circuitos de arborismo do país, além de tirolesas, passeios a cavalo e
claro, o paintball, que é praticado num campo em meio às araucárias, com
trincheiras naturais e vários obstáculos que só fazem aumentar a diversão.
Tudo acertado, equipes divididas, cinco para cada lado, azul contra
vermelho. Todos colocaram os macacões camuflados, vestimos as máscaras,
carregamos as armas. Já com a adrenalina a mil e a ansiedade à flor da pele,
cada equipe partiu para seu lado do campo. A equipe azul deu seu grito de
guerra: “Socorroooooo”, seguidos pela equipe vermelha: “Vem que vem quicando”. O
Juíz apitou e autorizou a batalha! Antes das bolinhas voarem pelo campo, o que
primeiro voou pela mata de araucárias e trincheiras foram os sorrisos e as
risadas de pessoas que se divertiram como não faziam desde a infância! Algumas
marcas que os tiros deixaram no corpo foram exibidas como troféus aos colegas
de trabalho.
Abaixo, o vídeo da nossa batalha de alegria, de sorriso e de diversão!
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Lembranças Analógicas
Dirijo-me à velha escrivaninha que me foi dada pela minha
avó. Ao abri-la me deparo com várias coisas, que por muitos podem ser julgadas
como porcarias, mas não para mim, eu as considero lembranças. Corro rapidamente
os olhos e encontro. Lá está, uma velha caixa de papelão. Dentro dela muitas
boas histórias, muitas boas lembranças, muitos bons amigos.
Ao pegá-la, sutilmente surge em meu rosto um sorriso do
tamanho de minha adolescência, o corpo todo se arrepia e uma felicidade indescritível
toma conta de mim. O que tem dentro da caixa? Para explicar preciso voltar
alguns anos no tempo, no início da década de 1990.
Entre 1993 e 1999 fui membro atuante no Movimento Escoteiro.
Veja bem, eu não disse que fui escoteiro, porque uma vez escoteiro sempre
escoteiro! Posso afirmar com toda convicção que esse período na minha
adolescência foi o responsável por uma grande parte do que eu sou hoje, das
melhores lembranças que tenho desse tempo e de grandes amigos que fiz para a
vida toda. A propósito, são os amigos responsáveis pela caixa.
Acampamento em Bananal/SP - Agachado, nosso grande amigo que já partiu para o grande acampamento do céu: Roberto Nagib. |
Com algumas amigas holandesas no 19º Jamboree Mundial do Chile, em 1999. |
Caminhada da Tropa Sênior - à esquerda outro grande amigo que também partiu para o grande acampamento: Rodrigo Okido. |
Aqui, na caminhada de Campos do Jordão à Piquete/SP, quando encontramos com a Tropa Sênior do extinto 12º G.E. Puris. |
Nesse período, apesar da internet já existir, nos vários
acampamentos que participávamos com outros grupos escoteiros, não trocávamos
e-mails ou adicionávamos no Orkut ou Facebook, trocávamos endereços! Daqueles
com nome de rua, bairro e CEP, que hoje só lembramos quando compramos algo...
pela internet! Foram vários amigos. Dezenas deles. Todos ali, dentro da caixa,
materializados em forma de carta.
Não são como os e-mails, que são todos iguais ou parecidos.
Cartas são mais pessoais, trazem consigo a personalidade, a característica de
cada um. São letras bonitas, garranchos, lisas, amassadas, desenhadas,
rabiscadas, dobradas ou feitas por origami. Cada carta é como se fosse um
pedacinho do seu remetente. Na minha
caixa, velha e com cheiro forte de bolor, amigos de várias cidades e estados.
Ao ler as cartas, me deparei com amigos com os quais ainda
tenho contato, porém alguns eu me lembrei das histórias, do acampamento em que
nos conhecemos, mas não consegui lembrar o rosto. Engraçado como alguns amigos
vão saindo da nossa vida enquanto outros continuam tão presentes!
Foi nesse momento, com as cartas nas mãos, as lembranças de
adolescência escoteira à flor da pele e uma saudade no peito que comecei a me
questionar. Se fosse um e-mail, será que eu o estaria lendo 15 anos depois de
recebido? Será que se a pessoa que recebeu uma carta minha teria o mesmo
sentimento que tive quando reli as que recebi? Será que essas pessoas ainda
moram no mesmo lugar? Qual seria a reação delas se recebessem uma carta minha
hoje? Qual seria a minha reação se recebesse uma carta delas?
Não sei as respostas para essas perguntas. Não sei nem se um
dia terei as respostas, ma sei que reler essas cartas foi como reviver vários
acampamentos que marcaram minha adolescência, foi me sentir tão empolgado
quanto ficava há 15, 16 anos atrás quando me preparava para um acampamento!
Elo Nacional realizado em Campos do Jordão no ano de 1997. |
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Um país chamado Peru, e eu!
O Peru é um
país mais organizado e mais rico do que a Bolívia, mas só um pouquinho mais
rico. Logo na fronteira já se pode notar essa maior organização. O prédio da
imigração é bem mais limpo e organizado, com funcionários mais bem vestidos. É
algo bem parecido com algumas repartições públicas daqui do Brasil.
A moeda
peruana também é mais forte e, consequentemente, as coisas são mais caras
também. Mas nada comparado aos preços brasileiros. Apesar das coisas serem mais
caras, foi no Peru que pude aperfeiçoar a minha arte de pechinchar. Não deixei
de pechinchar com nenhum vendedor de artesanato. As batalhas de preços
travadas com os vendedores são muito divertidas e acabam se tornando uma
atração à parte!
Os peruanos
estão um pouco melhor preparados para receber os turistas. Lá só podem ser guias
aqueles que fizerem curso superior de turismo. A infraestrutura também é mais
voltada ao turismo, com táxis, ônibus e restaurantes espalhados por todos os
lados. É fácil notar essa vocação turística do Peru na plaza de armas de Cusco,
o lugar parece uma Babel! Gente de todo tipo e de toda parte do mundo circula
por lá.
O povo é um
pouco mais frio, porém muito educados, acredito que pelo preparo maior que têm
para atender os turistas. Enquanto nos táxis bolivianos conversávamos com os
motoristas sobre todo tipo de assunto, no Peru o assunto era sempre o mesmo:
turismo.
Esse país
vai ficar para sempre marcado na minha memória pois foi nele que fiz a Trilha
Inca, um caminho mágico que nos leva muito além das ruínas de Machu Picchu. Nos
leva para uma viagem de superação para dentro de nós mesmos. Quatro dias
caminhando por paisagens deslumbrantes, em meio a muitas histórias e lugares
com muita energia nos faz pensar e repensar sobre muitas coisas. Eu,
particularmente, pensei muito nas pessoas que eu gosto. Através da energia dos
incas eu pude sentir o carinho de todos que eu gosto e que gostam de mim.
Também foi
na trilha inca que eu compreendi claramente o que Amyr Klink quis dizer com “ir
até lá e ver com os próprios olhos”. Você estar no meio de tudo aquilo é algo
indescritível. Neste exato pedaço desse texto que escrevi, fechei meus olhos e
pensei em tudo o que eu vi e senti na trilha. Meus olhos se encheram de
lágrimas, me arrepiei todo, senti uma imensa alegria, me enchi de energia boa,
mas não consegui encontrar palavras para descrever o que verdadeiramente é a
Trilha Inca.
Carregando
comigo as melhores lembranças e a ótima sensação de ter um sonho realizado, saí
do Peru, um país que transborda cultura e energia boa, vestindo meu melhor
sorriso. Mas, diferentemente da Bolívia, sinto que vi tudo o que eu gostaria de
ver por lá.
E, para
encerrar o que me propus a fazer nesse balanço da viagem vem a parte mais
difícil, descrever o que mudou em mim. Voltei dessas férias, que como eu havia
planejado foram as melhores da minha vida até agora, com uma imensa vontade de
realizar mais sonhos. Nessa jornada eu pude perceber que o que faz a realização
de um sonho ser mágica não é somente o fato de chagar em Machu Picchu, mas sim
todo o processo que passamos até nossos olhos observarem o objetivo. É o vislumbramento da ideia, é o planejamento, são as tentativas frustadas, são os
adiamentos. Tudo isso junto faz o tempero do sonho ficar mais saboroso. São as
horas que passamos imaginando como vai ser chegar lá. São as pessoas especiais,
ou não tão especiais, que envolvemos nisso. São os devaneios compartilhados.
Eu descobri
que quando realizamos um sonho, realizamos juntamente com todas as pessoas
queridas. Acho que o meu maior aprendizado nessa viagem foi isso, por mais que
o sonho tenha partido de dentro de mim, ele nunca vai ser só meu, porque quando
gostamos de verdade de alguém, sonhamos juntos, realizamos juntos. Mesmo que
esses "alguéns" tenham ficado.
Agora a
questão que fica é: Qual o próximo passo? O próximo sonho?
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
O que vi da Bolívia
Depois de muito tempo sem postar no blog, primeiro devido à correria do
trabalho e depois por causa das férias, estou aqui de volta. Como este é o
primeiro post do ano, vou fazer como a maioria de nós faz no réveillon, farei
um balanço dos Caminos Andinos que percorri. Então, comecemos pela Bolívia!
Fazer essa viagem foi uma das melhores coisas que eu já fiz. Realizar
um sonho de adolescência é imensurável. Vou guardar tudo isso para sempre e vou
contar as histórias da viagem por muitos e muitos anos, assim como as histórias
do Jamboree Mundia do Chile, do meu trabalho de conclusão da faculdade na
Aldeia Boa Vista, dos carnavais com os amigos.
Decidi fazer este balanço para registrar as impressões que tive dos
lugares por onde passei, das pessoas que conheci e principalmente do que eu
acho que mudou em mim, afinal tudo o que fazemos, tudo o que aprendemos e tudo
o que passamos é para nos tornarmos pessoas melhores.
A Bolívia é um lugar sensacional! É um país pequeno mas com uma
diversidade de paisagem muito grande. Lá tem altiplano, pantanal, deserto,
deserto de sal, amazônia, enfim, muita coisa para conhecer. Acho que é preciso
mais duas ou três férias para conhecer os melhores lugares de lá!
Fora as paisagens, também tem um povo bastante simpático e acolhedor.
Claro que, como em todos lugares do mundo, nos grandes centros as pessoas são
mais reservadas e menos solícitas. Mas no interior as pessoas são bem
atenciosas. Na Isla del Sol, localizada no Lago Titicaca, além da mais bela
paisagem (que me emocionou durante o pôr do sol que eu presenciei lá), foi o
lugar onde fomos melhor acolhidos.
Nosso hostel na Isla del Sol, mais aconchegante só a casa da mamãe! |
Como não se emocionar? |
Fisicamente os bolivianos são bastante parecidos. A princípio parecem
todos feios, no entanto a máxima de que a beleza está nos olhos de quem vê é
real. Depois de vários dias perambulando por lá o que no primeiro instante era
feio passou a mostrar sua beleza. Uma beleza diferente da que estamos
habituados a ver por aqui. A grande verdade é que quando nos permitimos vivenciar
e experimentar plenamente uma cultura diferente, esta nos apresenta a sua
verdadeira beleza. Quando voltei para o Brasil, andando de ônibus em São Paulo,
achei bem legal ver pessoas totalmente diferentes umas das outras. Realmente o
Brasil é o país da diversidade cultural e étnica. Os bolivianos tem um rosto
bem característico, facilmente identificado em qualquer parte do mundo,
diferentemente do brasileiro, que pode ser de qualquer cor, qualquer raça,
qualquer jeito.
No geral, a Bolívia é uma zona. Pessoas andando por todos os lados,
carros andando em todos os sentidos, porém durante toda a viagem não vi nenhum
acidente, nenhum atropelamento, nada! A sujeira toma conta das cidade,
principalmente as grandes, as cholas fazem suas necessidades fisiológicas em
qualquer lugar, usando suas saias como esconderijo, mas as paisagens e a
natureza são muito mais limpas que por aqui. São raros os lixos que vemos
jogados pelas trilhas ou sítios arqueológicos. O que também é engraçado é que
existem lixeiras, ou basureiros, por todo lado, até nas cidades, e mesmo assim
as cidades são sujas.
Tudo o que s evai fazer é pago, desde usar o banheiro até tirar uma
foto com as cholas. No começo isso é um pouco irritante. Eu cheguei até a rotular
os bolivianos como mercenários, mas depois, analisando tudo com calma, entendi
que a Bolívia é um país ainda em desenvolvimento, quase não existem indústrias.
Dificilmente um boliviano comum consegue um bom emprego, o que os transformam
de mercenários à batalhadores que buscam um meio de sustentar suas famílias.
Antes de viajar, li muito sobre a corrupção na Bolívia, e ela realmente
existe. Tudo é corruptível por lá. Desde a corrida de táxi ou uma passagem de trem,
até a multa por falta de documento na fronteira. O Marcinho que o diga,
primeiro teve que pagar multa, mas foi embora sem pagar depois de tanto
reclamar. Lá o dinheiro compra tudo, nada muito diferente daqui, não é?
Outra coisa que li foi sobre a alimentação. Falaram horrores da comida,
mas sinceramente, comi melhor na Bolívia do que no Peru. A truta boliviana é
sensacional, foi o prato que mais comi. Sem contar as salteñas e empanadas que
são uma delícia. O pão também, mesmo sendo um misto de pão italiano e de
hambúrguer é muito bom. Com ovo frito então, como comemos no café da manhã na
Isla del Sol, huummmmm, sem comentários!
A única coisa que realmente me deixou bravo por lá foi quanto às
empresas de ônibus. Tivemos o azar de ter dois ônibus cancelados durante a
nossa viagem. E nos dois casos só ficamos sabendo do cancelamento na hora de
embarcar. Na primeira vez, a pior na minha opinião, fomos muito bem tratados na
agência, até refeição recebemos, mas perdemos um dia de viagem e tivemos que
ficar vagando por La Paz. Além disso ainda tivemos que pagar mais duas diárias
no hostel. Na segunda vez o descaso foi bem maior. Estávamos em Sucre esperando
o ônibus para Santa Cruz de la Sierra. Não apareceu ninguém da empresa para
avisar do cancelamento ou dar alguma satisfação. Se não fosse um senhor que
também iria pela empresa nos avisar teríamos nos complicado. O que fez o
segundo cancelamento ser menos pior foi que, apesar da correria, conseguimos
passagem em outro ônibus e não perdemos o voo de Santa Cruz de la Sierra Para
São Paulo.
Contudo, acredito que se a Bolívia tivesse governantes mais engajados, que olhassem mais
para o potencial do seu país, seria um lugar perfeito para explorar o turismo.
Se fosse investido mais em infraestrutura, talvez os bolivianos pudessem ter
mais chances de melhorarem de vida. Mas, mesmo com todos os seus problemas e
mazelas, recomento a Bolívia para qualquer aventureiro e com certeza está nos
meus planos voltar para lá!
Bolívia, vá e se permita conhecer esse país que exala cultura! |
Assinar:
Postagens (Atom)