terça-feira, 23 de julho de 2013

Caminos Andinos - 9º dia

Saímos do hostel por volta das 5h15. Quem foi nos buscar foi Fred Zapata, que também será nosso guia durante a tão esperada e sonhada Trilha Inca. Passamos nos outros hotéis para juntar a galera e formarmos o grupo: uma família de quatro australianos, uma família de quatro canadenses de Quebec (por isso falam francês), um casal belga e eu e meu primo brasileiros.

Fomos direto para Ollantaytambo para tomarmos café da manhã. Infelizmente estava chuviscando, mas isso não iria mudar os planos ou ser motivo de desânimo. Após o café, ainda sob chuva, fomos rumo ao km 82, onde começa a trilha. Chegamos ao local e tudo já estava arrumado. Recebemos nossos isolantes térmicos, os prendemos nas mochilas e estávamos prontos para começar a epopeia. A chuvinha havida dado uma trégua.

Iniciamos a caminhada passando pelo posto de controle da trilha, onde tivemos que apresentar os passaportes e os bilhetes de entrada. Após isso, foi feita a clássica foto do grupo em frente a placa de início da trilha. Seguimos margeando o Rio Urubamba. Praticamente tudo plano.


A clássica!

Atravessar essa ponte significou iniciar a realização de um sonho.

Primeira parte tranquila seguindo o rio...

... e contornando vales.

Começamos a caminhar por volta das 8h e mais ou menos às 13h paramos para almoçar. É muito louco, porque a equipe de apoio sai correndo na frente, carregando fogão, gás, barraca, banco, comida; montam tudo, fazem comida, nos esperam almoçar, lavam, guardam tudo e depois saem correndo de novo. O almoço superou minhas expectativas! Estava muito melhor do que muito restaurante que comemos pelo caminho.

Local do nosso restaurante a céu aberto.

Nem tivemos tempo de descansar depois do almoço e já voltamos a caminhar. A segunda parte da caminhada foi de subida praticamente por todo o percurso. No começo foi tranquilo, com subidas e retas, mas como estávamos a mais de 3 mil metros de altitude, a coisa estava ficando complicada. Para ajudar, voltou a chuviscar. Nessa altura do campeonato tudo era motivo para parar: chuva, tomar água, tirar foto e até para descansar mesmo.

Ruínas estão espalhadas por todo o trajeto da Trilha Inca.

Chegamos no segundo posto de controle, que está a 3.300 metros de altitude e continuamos subindo. Nosso acampamento ainda estava a mais uma hora de caminhada. Essa foi uma hora terrível, foi só de subida. Não tinha nem uma parte plana para dar um refresco. Por diversas vezes pensei que não aguentaria, mas em nenhum momento pensei em desistir! Sempre ficava pensando na equipe de apoio que estava carregando um peso três vezes maior que o meu, nas crianças das famílias que estavam firmes e fortes e principalmente que isso era um sonho que estava sendo realizado!

Mapa indicando que o local de acampamento ainda estava longe.

Achei sensacional os canadenses trazerem suas crianças para vivenciar essa experiência única.

Cheguei no acampamento por volta das 18h. Depois de mim só chegou o senhor australiano que estava passando mal. Eu estava sem blusa e com a camiseta toda molhada de suor. Já estava começando a fazer frio, mas mesmo assim continuei sem blusa, esperando o corpo secar. De nada adiantaria colocar uma camiseta limpa e o corpo ainda molhado de suor. Depois que meu corpo secou, tirei a camiseta, sequei o suor da cabeça com ela e coloquei a segunda pele. Assim o frio começou a se amenizar. Os carregadores nos mostraram qual seria nossa barraca e na porta duas bacias com água quente para lavar o rosto. Lavar o rosto que nada!!! Tratei de tirar a bota e as meias e enfiar os pés na água! Depois de uma caminhada tão puxada, essa foi uma sensação incrível.

Finalmente o acampamento, sinal de que a primeira etapa foi completada!

Arrumei minhas coisas na barraca, tirei um cochilo e já chamaram para um café, que o Fred chamou de happy hour. Foi muito legal! O happy hour parecia uma babilônia. Quem ia gostar era a Paulinha. Tinha uma galera falando francês, outra falando inglês, mais outra falando espanhol. Os três idiomas que ela fala. Seria um laboratório e tanto! O happy hour foi regado a pipoca e chá de coca.


Voltamos para as barracas para descansar mais um pouco para mais tarde jantarmos. Foi o melhor jantar de todos. Comemos lomo saltado. Uma espécie de cubinhos de carne de vaca com cebola, pimentão, vagem e um molho sensacional, acompanhado de batatas fritas e arroz com legumes. Após jantarmos, Fred nos falou sobre o dia seguinte. Já sabíamos que seria o dia mais difícil, sairemos do acampamento a 3.300 metros de altitude e em quatro horas e 5 km subiremos para 4.200 metros de altitude. Muito punk, mas vamos que vamos!!!

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