A noite na barraca foi bem tranquila.
Estava bem frio lá fora, mas não sofri com isso. Dormi com a
segunda pele e o fleece, calça de moletom e meias. Dentro do saco de
dormir estava o liner. Como seria a primeira vez que o usei desde que
comprei, estava com um pouco de receio de passar frio, mas foi tudo
tranquilo. Somente próximo do horário de levantar que senti um
pouco de frio nas pernas porque a barra da calça subiu, mas nada que
chegasse a incomodar.
Levantamos às 5h para arrumar as
coisas e tomar café às 5h30. Preferi apenas um chazinho de coca e
pão com manteiga, pois sabia que a subida seria dura. Fred disse que
seriam quatro horas de caminhada até a Paso de la mujer muerta.
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Início do processo de levantar acampamento. |
Saímos às 6h. Comecei num ritmo bem
tranquilo. Como diz meu amigo Moretson, fui no passo do elefantinho!
Mesmo assim a coisa é muito difícil. Quanto mais subia, mais
difícil era respirar. Por mais que respirasse fundo, parecia que o
ar que entrava nos pulmões não era suficiente. Aqueles degraus de
pedra pareciam cada vez mais altos. Havia momentos que eu sentia o
corpo formigar, como se fosse desmaiar. Esse era o momento de parar.
A respiração, que estava ofegante, ia diminuindo o ritmo aos
poucos, até se normalizar. Isso era muito engraçado, pois depois de
alguns minutos descansando era como se eu nem tivesse começado a
caminhada. Não sei em quanto tempo subi, também nem vi as tais
quatro horas passarem. Só sei que foi um desafio imenso e eu
consegui superá-lo. O visual lá de cima compensou cada segundo de
perrengue.
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Os primeiros passos do dia mais difícil da Trilha Inca. |
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A altitude, a paisagem eram de tirar o fôlego! |
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Foto que ilustra o tamanho da primeira subida. |
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Marco do ponto mais alto da Trilha Inca. |
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Depois de tanto subir, lá vamos nós descer tudo de novo... |
No alto dos 4.215 metros de altitude,
ficamos bobos contemplando a conquista e o visual. Foram os mais
recompensadores 10 minutos de descanso da viagem. Depois disso
começamos a descida para o acampamento de almoço. Primeiro subimos
até os 4.200 para depois descermos até os 3.300 de novo. Mas a
descida foi bem tranquila. Desci mais rápido que o restante do grupo
para não forçar os joelhos. Isso fez com que eu chegasse primeiro e
por sua vez, descansasse mais.
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A descida depois do Paso de la mujer muerta é bastante íngreme, o que exige bastante dos joelhos, principalmente dos carregadores. |
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Lá embaixo o acampamento de almoço, logo mais à frente a subida a ser enfrentada depois da refeição. |
O almoço estava uma delícia. Alex, o
cozinheiro, sempre mandando bem. Tivemos mais um tempinho para
descansar depois do almoço e voltamos a caminhar. Mais uma vez
subida, e pesada de novo! Fomos até os 3.700, para depois descer até
os 3.400 onde foi montado o acampamento de pernoite. Ô povinho para
gostar de descer e subir esse tal Inca, viu?!?
Mais uma vez fui bem tranquilo na minha
caminhada, no meu ritmo e sem pressa alguma. Também fui o último a
chegar. O acampamento foi montado num vale muito bonito, de frente
para uma montanha nevada. Um visual maravilhos, mas frio também. Por
ser um vale cercado de montanhas muito próximas, batia sol por pouco
tempo. Fiz minha higienização como no dia anterior, só que dessa
vez usando lencinhos humidecidos no corpo todo. A sensação de
limpeza foi muito boa!
A nossa rotina continuou: lanche,
jantar. Ao final do jantar, Fred fez o briefing do dia seguinte. Como
o dia foi duro, iríamos dormir até às 6h30 para voltarmos a
caminhar às 8h. Já estava achando tudo isso lindo, aí ele disse
que caminharíamos só até a hora do almoço e já estaríamos no
acampamento final. Achei maravilhoso! Bora dormir que amanhã tem
mais!
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