Essa noite foi bem dormida. Foi pouco
tempo para descansar, mas foi um descanso de qualidade. Não estava
tão frio e encontrei uma posição confortável para dormir. Como
nos outros dias, fomos acordados pelo carregadores com mate de coca.
Arrumamos as coisas e ficamos prontos para caminhar. Saímos do
acampamento às 4h30, mas tivemos que esperar o ponto de verificação
abrir às 5h30.
Pedaço da Trilha Inca, próximo à Machu Picchu, que foi soterrada pelas chuvas de dois anos antes. |
Após os bilhetes serem verificados,
iniciamos a caminhada de mais ou menos uma hora. O caminho é muito
bonito, mas confesso que nem prestei muita atenção. Meus
pensamentos estava só em Machu Picchu. Por volta das 6h30 chegamos
ao Portal do Sol. Dele já dava para ver a cidade perdida dos Incas.
É simplesmente maravilhoso e inacreditável! Depois de tantos anos
ver com os próprios olhos o que eu só havia visto em fotos e sonhos
é indescritível! É impossível não sentir um nó na garganta.
Dedico esse momento às pessoas mais importantes pra mim hoje: meus
pais, meu irmão, mi hermana e Paulinha.
Ficamos no Portal do Sol até o sol
iluminar toda a cidade sagrada. São nesses momentos que a gente fica
com cara de bobo. Cada vez que um raio de sol iluminava uma nova
parte do santuário era como se brilhasse uma nova estrela no céu.
Após acompanhar esse espetáculo, descemos até o posto de controle
para registrarmos o final da trilha e a chegada a tão sonhada Machu
Picchu.
Finalmente a chegada ao Portal do Sol. |
O sonho de anos já podia ser visto por meus próprios olhos. |
Os primeiros raios de sol indo em direção à cidade sagrada dos Incas. |
A plateia que aguardava ansiosamente o sol tocar as ruínas. |
Mesmo de longe, já dava para sentir a energia que Machu Picchu tem! |
Na portaria, Fred nos disse para
comermos alguma coisa e usarmos os banheiros, que em aproximadamente
vinte minutos começaríamos o tour por Machu Picchu. Já com as
entradas para a cidade e as passagens do ônibus até Águas
Calientes em mãos, fomos para o lado de fora do parque para tomarmos
o lanche que havíamos recebido de café da manhã. O lanche foi bem
caprichado, teve um suco de durazno, uma barra de chocolate tipo
chokito genérico, um pão de forma de três andares com queijo e
presunto, três balas de laranja e limão e uma bolacha tipo clube
social coberta com chocolate.
Depois de comer tudo isso tive que ir
ao banheiro, uma vez que a experiência de banheiros na trilha não
foram muito boas. Como sempre por esses lados, usar o banheiro custa
S/. 1,00 e o papel higiênico é redicado. Mesmo pagando rola fila lá
dentro para usar o vaso. Na minha frente estavam dois velhos. Logo
percebi que a coisa seria feia. Chegando na minha, quem saiu do lugar
no qual eu usufruiria da minha privacidade foi um policial do parque.
Pelo amor de Deus! Quase vomitei! Mas ver uma privada depois de
quatro dias de trilha foi algo que me deixou bastante feliz! Minha
passagem por esse banheiro foi bastante engraçada, porque dava pra
ouvir a sinfonia de cagadas que acontecia no recinto. Foi difícil
não cair na gargalhada! Foi muito louco, mas também passei
perrengue nesse lugar. Como disse, o papel higiênico é racionado.
Terminei o que tinha que fazer e iniciei o processo de limpeza. Nada
de ficar limpo. O papel estava cada vez menor e a coisa continuava
feia. Mas quando já estava quase no final, o processo se findou.
Ufa! Os momentos de tensão passaram... Eu já estava pronto para
começar o tour!
Fred nos contou toda aquela história
que já havíamos lido nos livros e visto na internet. Tudo isso num
sol de rachar! Explicações dadas, todos sabendo tudo sobre os Incas
e Machu Picchu, ficamos livres para andar e fotografar. Foram quase
duas horas de exploração que passaram muito rápido, nem vi que já
tinha batido um rolo de filme. Eu poderia ficar aqui páginas e mais
páginas descrevendo o que eu vi e senti, mas creio que mesmo assim
não conseguiria transmitir nem uma sensaçãozinha da energia que
Machu Picchu tem. Pra mim foi uma experiência transcendental.
Aconselho a todos irem lá e sentir isso por si mesmos! O último
lugar que fomos visitar foi a ponte inca, trinta minutos de ida e
volta. Fui lá só para tirar uma foto para mostrar para o meu pai,
que tem medo de altura.
Descemos, pegamos nossas mochilas que
tiveram que ficar no depósito do parque e entramos na fila do ônibus
para Águas Calientes. No busão encontramos com duas brasileiras que
haviam feito a Trilha Salkantay. Elas disseram que passaram por neve
no caminho e que a trilha delas não chega em Machu Picchu e sim em
Águas Calientes. E o que mais me surpreendeu foi o valor: cento e
poucos Soles contra os 500 dólares que pagamos pela Trilha Inca. Mas
pelo o que elas disseram a nossa trilha foi muito mais punk, e o fato
de chegar dentro de Machu Picchu, na minha opinião, faz toda a
diferença. Foram vinte minutos do parque até a cidade. Nos
despedimos das brasileiras e fomos nos encontrar com Fred para
pegarmos nossas passagens de trem para Ollantaytambo. Com as
passagens em mãos nos despedimos, trocamos e-mail e fomos procurar
algo para comer, pois o restaurante em que eles estavam era muito
caro. Fred compreendeu nossa situação e nos indicou o Mercado da
Municipalidad.
Águas Calientes |
No mercado, escolhemos a
lanchonetezinha de uma peruana bastante simpática. Ela me deu alguns
jornais velhos para levar de regalo. Lá, tomamos um litro de suco de
abacaxi, um litro de suco de beterraba com laranja e cenoura, um
sanduíche de frango com queijo e um sanduíche de frango com ovo por
S./ 21,00. No restaurante que o povo estava, só um copo de suco
custava S./ 17,00. Depois de comidos, decidimos ir esperar o trem lá
na estação. Eram 14h e o noso trem sairia apenas às 18h45. Lá
fomos nós fazer uma coisa que já estávamos craque: esperar nossa
condução.
Chegamos na estação e escolhemos um
cantinho na sombra para descansar. Fiquei lá lendo meus jornais
peruanos e escrevendo, sentado no chão, encostado na parede, fedido
e com minha camiseta furada do Scooby-Doo. Depois de umas duas horas
não deu outra, o segurança veio educadamente perguntar o horário
do meu trem, pois talvez estivesse em cima da hora. Apesar da
gentileza eu sabia que a intenção dele era saber se eu realmente
tinha passagem para poder estar ali. Foi admirável a abordagem do
segurança!
Enquanto aguardávamos o horário de
partida do trem, desta vez dentro da estação, encontramos dois
brasileiros que estavam fazendo um roteiro parecido com o nosso.
Ficamos conversando até o horário de embarque. Trocamos facebook e
partimos no nosso trem. Foi um ahora e meia de Águas Calientes até
Ollantaytambo. O nosso vagão estava lotado de suecos. Na saída do
trem tinha um senhor com uma plaquinha com os nossos nomes. O
seguimos e embarcamos na van que nos levou até Cusco. Foi mais uma
hora e meia de viagem.
A chegada no hostel foi a melhor. Não
via a hora de tomar um bom banho. Fiquei uns 50 minutos no chuveiro.
Foi extremamente relaxante e renovador. Meu cabelo até ficou macio
novamente. Depois arrumei mais ou menos as minhas coisas e fui
deitar, afinal já fazia quatro dias que eu não via uma cama!
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