terça-feira, 13 de agosto de 2013

Caminos Andinos - 12º dia

Essa noite foi bem dormida. Foi pouco tempo para descansar, mas foi um descanso de qualidade. Não estava tão frio e encontrei uma posição confortável para dormir. Como nos outros dias, fomos acordados pelo carregadores com mate de coca. Arrumamos as coisas e ficamos prontos para caminhar. Saímos do acampamento às 4h30, mas tivemos que esperar o ponto de verificação abrir às 5h30.

Pedaço da Trilha Inca, próximo à Machu Picchu, que foi soterrada pelas chuvas de dois anos antes.

Após os bilhetes serem verificados, iniciamos a caminhada de mais ou menos uma hora. O caminho é muito bonito, mas confesso que nem prestei muita atenção. Meus pensamentos estava só em Machu Picchu. Por volta das 6h30 chegamos ao Portal do Sol. Dele já dava para ver a cidade perdida dos Incas. É simplesmente maravilhoso e inacreditável! Depois de tantos anos ver com os próprios olhos o que eu só havia visto em fotos e sonhos é indescritível! É impossível não sentir um nó na garganta. Dedico esse momento às pessoas mais importantes pra mim hoje: meus pais, meu irmão, mi hermana e Paulinha.

Ficamos no Portal do Sol até o sol iluminar toda a cidade sagrada. São nesses momentos que a gente fica com cara de bobo. Cada vez que um raio de sol iluminava uma nova parte do santuário era como se brilhasse uma nova estrela no céu. Após acompanhar esse espetáculo, descemos até o posto de controle para registrarmos o final da trilha e a chegada a tão sonhada Machu Picchu.

Finalmente a chegada ao Portal do Sol.

O sonho de anos já podia ser visto por meus próprios olhos.

Os primeiros raios de sol indo em direção à cidade sagrada dos Incas.

A plateia que aguardava ansiosamente o sol tocar as ruínas.

Mesmo de longe, já dava para sentir a energia que Machu Picchu tem!

Na portaria, Fred nos disse para comermos alguma coisa e usarmos os banheiros, que em aproximadamente vinte minutos começaríamos o tour por Machu Picchu. Já com as entradas para a cidade e as passagens do ônibus até Águas Calientes em mãos, fomos para o lado de fora do parque para tomarmos o lanche que havíamos recebido de café da manhã. O lanche foi bem caprichado, teve um suco de durazno, uma barra de chocolate tipo chokito genérico, um pão de forma de três andares com queijo e presunto, três balas de laranja e limão e uma bolacha tipo clube social coberta com chocolate.

Depois de comer tudo isso tive que ir ao banheiro, uma vez que a experiência de banheiros na trilha não foram muito boas. Como sempre por esses lados, usar o banheiro custa S/. 1,00 e o papel higiênico é redicado. Mesmo pagando rola fila lá dentro para usar o vaso. Na minha frente estavam dois velhos. Logo percebi que a coisa seria feia. Chegando na minha, quem saiu do lugar no qual eu usufruiria da minha privacidade foi um policial do parque. Pelo amor de Deus! Quase vomitei! Mas ver uma privada depois de quatro dias de trilha foi algo que me deixou bastante feliz! Minha passagem por esse banheiro foi bastante engraçada, porque dava pra ouvir a sinfonia de cagadas que acontecia no recinto. Foi difícil não cair na gargalhada! Foi muito louco, mas também passei perrengue nesse lugar. Como disse, o papel higiênico é racionado. Terminei o que tinha que fazer e iniciei o processo de limpeza. Nada de ficar limpo. O papel estava cada vez menor e a coisa continuava feia. Mas quando já estava quase no final, o processo se findou. Ufa! Os momentos de tensão passaram... Eu já estava pronto para começar o tour!

Fred nos contou toda aquela história que já havíamos lido nos livros e visto na internet. Tudo isso num sol de rachar! Explicações dadas, todos sabendo tudo sobre os Incas e Machu Picchu, ficamos livres para andar e fotografar. Foram quase duas horas de exploração que passaram muito rápido, nem vi que já tinha batido um rolo de filme. Eu poderia ficar aqui páginas e mais páginas descrevendo o que eu vi e senti, mas creio que mesmo assim não conseguiria transmitir nem uma sensaçãozinha da energia que Machu Picchu tem. Pra mim foi uma experiência transcendental. Aconselho a todos irem lá e sentir isso por si mesmos! O último lugar que fomos visitar foi a ponte inca, trinta minutos de ida e volta. Fui lá só para tirar uma foto para mostrar para o meu pai, que tem medo de altura.








Descemos, pegamos nossas mochilas que tiveram que ficar no depósito do parque e entramos na fila do ônibus para Águas Calientes. No busão encontramos com duas brasileiras que haviam feito a Trilha Salkantay. Elas disseram que passaram por neve no caminho e que a trilha delas não chega em Machu Picchu e sim em Águas Calientes. E o que mais me surpreendeu foi o valor: cento e poucos Soles contra os 500 dólares que pagamos pela Trilha Inca. Mas pelo o que elas disseram a nossa trilha foi muito mais punk, e o fato de chegar dentro de Machu Picchu, na minha opinião, faz toda a diferença. Foram vinte minutos do parque até a cidade. Nos despedimos das brasileiras e fomos nos encontrar com Fred para pegarmos nossas passagens de trem para Ollantaytambo. Com as passagens em mãos nos despedimos, trocamos e-mail e fomos procurar algo para comer, pois o restaurante em que eles estavam era muito caro. Fred compreendeu nossa situação e nos indicou o Mercado da Municipalidad.

Águas Calientes

No mercado, escolhemos a lanchonetezinha de uma peruana bastante simpática. Ela me deu alguns jornais velhos para levar de regalo. Lá, tomamos um litro de suco de abacaxi, um litro de suco de beterraba com laranja e cenoura, um sanduíche de frango com queijo e um sanduíche de frango com ovo por S./ 21,00. No restaurante que o povo estava, só um copo de suco custava S./ 17,00. Depois de comidos, decidimos ir esperar o trem lá na estação. Eram 14h e o noso trem sairia apenas às 18h45. Lá fomos nós fazer uma coisa que já estávamos craque: esperar nossa condução.

Chegamos na estação e escolhemos um cantinho na sombra para descansar. Fiquei lá lendo meus jornais peruanos e escrevendo, sentado no chão, encostado na parede, fedido e com minha camiseta furada do Scooby-Doo. Depois de umas duas horas não deu outra, o segurança veio educadamente perguntar o horário do meu trem, pois talvez estivesse em cima da hora. Apesar da gentileza eu sabia que a intenção dele era saber se eu realmente tinha passagem para poder estar ali. Foi admirável a abordagem do segurança!

Enquanto aguardávamos o horário de partida do trem, desta vez dentro da estação, encontramos dois brasileiros que estavam fazendo um roteiro parecido com o nosso. Ficamos conversando até o horário de embarque. Trocamos facebook e partimos no nosso trem. Foi um ahora e meia de Águas Calientes até Ollantaytambo. O nosso vagão estava lotado de suecos. Na saída do trem tinha um senhor com uma plaquinha com os nossos nomes. O seguimos e embarcamos na van que nos levou até Cusco. Foi mais uma hora e meia de viagem.


A chegada no hostel foi a melhor. Não via a hora de tomar um bom banho. Fiquei uns 50 minutos no chuveiro. Foi extremamente relaxante e renovador. Meu cabelo até ficou macio novamente. Depois arrumei mais ou menos as minhas coisas e fui deitar, afinal já fazia quatro dias que eu não via uma cama!

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