O começo da viagem foi tranquila, mas
o final foi punk. Fez muito frio. Por causa das blusas e do cobertor
oferecido aos passageiros não senti frio, mas meus pés doíam de
tão gelados. Estava tão frio que os vidros do ônibus congelaram
com ele em movimento. Às 7h chegamos à cidade de Uyuni. Nunca senti
tanto frio! Conforme caminhávamos, o deslocamento de ar parecia que
cortava a pele.
Logo na descida do ônibus, acertamos
de tomar café na lanchonete de uma tiazinha. O café foi muito bom e
o lugar bem quentinho, mas meu pé não queria esquentar de jeito
nenhum. Ficamos quase duas horas na lanchonete. A saída foi um
choque. Dentro da lanchonete um calorzinho agradável e do lado de
fora um frio congelante!
Já na agência, acertamos o passeio de
três dias pelo Salar e Deserto de Siloli. Como eram 10h e o passeio
só sairia às 11h, fomos comprar as passagens de ônibus para a
nossa volta. O roteiro ficou assim: vamos sair de Uyuni para Sucre,
depois vamos para Santa Cruz de la Sierra e finalmente para São
Paulo.
Com um pouquinho de atraso, saímos
para o passeio. A primeira parada foi no cemitério de trens. Uyuni
foi a primeira cidade boliviana a ter trens, tendo linhas de carga e
de passageiros que iam até o Chile. Hoje, a estrada de ferro é
terceirizada e só transporta carga. É muito interessante ver que o
que foi tecnologia de ponta no início do século XX hoje é sucata.
Para não perder o costume, a parada seguinte foi numa feirinha de
artesanato. Lá o povo vendia algumas peças feitas de sal. Só não
comprei nada porque não havia nada de interessante. Depois da
feirinha finalmente fomos ao Salar.
| Monumento do Cemitério de Trens em homenagem aos tempos áureos da ferrovia boliviana. |
O deserto de sal é uma coisa imensa e
incrível! É tão branco que sem óculos escuros a vista chega a
arder. Para todos lado que se olha só tem uma imensidão branca. A
nossa primeira parada no Salar foi no local de extração para
consumo. É tudo feito manualmente, sem nenhuma ajuda de máquinas.
Saindo dali, fomos entrando mais no deserto, em direção ao hotel de
sal.
O hotel fica no meio do nada. Ao redor
dele você só vê aquele imenso branco. Foi ali que brincamos de
fazer fotos em perspectiva. Pegamos o trecho mais uma vez, adentrando
ainda mais no salar. Andamos por bastante tempo sem mudar a paisagem:
branco para todos os lados. É tudo tão igual que chega até a ser
monótono.
| Por dentro do hotel tudo é feito com blocos de sal, desde os móveis até as esculturas de enfeite. |
Depois de muito andar no sal, chegamos
à Isla Incahuasi, uma ilha bem no meio do deserto. Lá existem
cactos gigantes com mais de mil anos. Antes de conhecer a ilha e
tirar muitas fotos, nós almoçamos. Foi um rango simples e gostoso,
servido em uma mesa feita com blocos de sal. Depois do almoço
tivemos uma hora e meia para andar pela ilha. Da parte mais alta, dá
para ter a noção perfeita da imensidão do salar. Ele está
presente até onde a vista alcança. São 12 mil Km² de deserto. Ele
é maior do que o Lago Titicaca, que tem 8.300 km².
Voltamos a agência em Uyuni por volta
das 18h, colocamos as mochilas no jipe e partimos para o local onde
dormiremos. Chegamos no local às 21h30. Jantamos, uma janta bem
regulada por sinal. O local não tem água quente, o que, por causa
do frio, tornou o banho impossível. Às 23h deitamos para dormir,
não sem antes colocar a bateria da máquina fotográfica para
carregar. O passeio está sendo legal, mas confesso que estou louco
de vontade de chegar em casa. Amanhã nosso dia começará às 8h e
partiremos para conhecer a Laguna Colorada.



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