segunda-feira, 10 de junho de 2013

Caminos Andinos - 5º dia

Acordamos às 6h45 para terminarmos de arrumar as coisas e depois irmos para o desayuno. Às 7h estávamos prontos para o café, que foi simples: café, pão com manteiga e um negocio que parecia doce de abóbora aguado. Às 7h30 a moça do ônibus veio nos buscar no hostel. O ônibus estava lotado de gringo. Ao meu lado estavam alguns israelenses. Êita povo espaçoso! Não estão nem aí se estão incomodando. Demoramos para sair de La Paz porque estava acontecendo um protesto e a polícia tinha fechado várias ruas do centro, o que fez o ônibus dar várias voltas.

A viagem foi tranquila, principalmente porque os israelenses dormiram. Por volta das 10h30 chegamos a São Pedro de Tiquina, cidade onde atravessamos o Lago Titicaca de lancha e o ônibus de balsa. Só estando lá e vendo com os próprios olhos é que entendemos uma pequena parte da grandiosidade do lago. Ele parece um mar de tão grande. A água é extremamente cristalina. Fico pensando como deve ter sido encontrar tudo isso em uma região que está a quase 4 mil metros de altitude. São 8 milhões de metros quadrados numa altitude que é mais que o dobro da de Campos do Jordão/SP! Não foi à toa que os tiwanakotas viveram nesta região por mais de 3 mil anos.



Água transparente e gelada, assim é o Titicaca durante o ano todo.

Aqui já dava para ver a imponência do Titicaca.

Chegamos em Copacabana por volta do meio dia. Foi o tempo de comprar as passagens para o barco da Isla del Sol e almoçar. Como estávamos na beira do Titicaca, não poderíamos deixar de comer trucha. Às 13h30 embarcamos na lancha Titicaca. Um grupo subiu à bordo e fez um som regional muito bom. Mereceram os aplausos e as gorgetas!

Nosso transporte para o paraíso.

Músicos locais fazendo sua arte. Tem um vídeo deles tocando no post "Vem aí".

O barco estava lotado de gringos, inclusive os israelenses. Mas o que mais me chamou atenção foi uma família boliviana indo conhecer a isla. Mais uma vez me questionei, qual será a porcentagem de bolivianos que conhecem suas riquezas naturais e seus patrimônios culturais? Será que já visitaram essas mesmas riquezas que são invadidas por estrangeiros todos os anos? Que doidera...

Ainda no barco fechamos com o guia para fazermos um tour de duas horas pela isla. Isso também é muito interessante, você olha para o guia e não dá nada para ele, mas o cara se expressa muito bem e fala inglês fluentemente! Fomos no banco que fica no teto do barco. O vento estava bem frio, mas o visual compensava. A chegada na ilha parecia coisa de cinema. Água transparente, paisagem linda. Desembarcamos com nossas mochilas, pois decidimos pernoitar na Isla.

O visual é tão exuberante que vale o frio de ir em cima do barco!

Quase chegando no porto da Isla del Sol.

O tour começou ali mesmo, quando Andrés mostrou a estátua de Manco Kapac, grande líder tiwanakota. A parada seguinte foi na fonte da juventude eterna. Depois paramos um pouco mais acima, no hostel que iriamos ficar. Cheguei no hostel quase sem fôlego, não foi nada fácil subir quase 300 metros de escada, com a mochila pesada nas costas e a 3800 metros de altitude!

Manco Kapac, figura mais expressiva do império tiwanakota, está na beira do porto para receber todos os turistas.

Depois de alojados, continuamos o tour. Fomos ao miradouro, onde Andrés nos falou sobre as dimensões do lago, e mostrou os lados peruano e boliviano. Ele também nos contou que ele e todos os outros habitantes da ilha são aymarás, ou seja, decendentes diretos dos tiwanakotas. Logo em seguida fomos às ruínas de um templo. Assim que o passeio acabou, voltamos para o hostel para trocal o filme da F-1 e a bateria da S90, para depois retornarmos ao miradouro para contemplar e fotografar o pôr do sol e o nascer da lua.
Os hosteis da Isla del Sol são casas de família adaptadas para receber os turistas.

Ruínas do templo do lado sul da Isla del Sol vista do miradouro.

Parte do templo foi reconstruída pelos próprios moradores depois de ter desabado devido às fortes chuvas.

Andrés, nosso guia, explicando sobre a cultura tiwanakota.

A paisagem é fantástica! Abaixo o lago e ao fundo a cordilheira dos andes... É impossível ver tudo isso e não parar para pensar na vida. Sou extremamente feliz porque trabalho no que gosto, tenho um bom emprego, minha família, apesar de muito louca, é sensacional e tenho uma meio namorada meio amiga colorida que é demais!!! O que posso querer mais desta vida?? Ah... eu sei... queria muito que meu irmão estivesse comigo. O Lucianão ia adorar tudo isso! Nós já brigamos muito, mas muito mesmo, mas hoje eu sei o real significado da palavra irmão por causa dele! Ainda vamos juntos fazer snowboard em algum lugar por aí! Também seria perfeito se a Paulinha estivesse junto. Ela ia amar essa vivência de uma cultura bem diferente da nossa. Sem contar que a companhia dela é perfeita em todos os momentos! Sou um cara de muita sorte! O pôr do sol foi maravilhoso, digno de uma lágrima escorrendo pelo meu rosto depois de contemplar esse espetáculo magnífico e pensar em tudo que eu descrevi acima.

O Pôr do Sol na Isla del Sol tem uma energia tão boa que fica difícil descrever com palavras.

Depois do pôr do sol, ficamos esperando a lua nascer. Nossa estadia na Isla del Sol coincidiu com a lua cheia. Fazia tempo que eu não ficava esperando para fotografar alguma coisa. Foi muito legal, eu estava quase esquecendo como isso é bom! Enquanto a luna não nascia, aproveitei para fotografar o céu, em especial as 3 Marias, para dar de presente para alguém ainda mais especial!

O céu na Isla é tão estrelado que foi difícil encontrar a constelação das Três Marias.

A lua nasceu num espetáculo tão grandioso quanto o pôr do sol! Fotografei mais um pouco e voltamos para o hostel. Voltei pensando mais um pouco na vida e também no que Amyr Klink fala: temos que ir ver as coisas com nossos próprios olhos. Isso é a mais pura verdade. Só assim poderemos compreender a magnitude das coisas!

Poder contemplar um pôr do sol majestoso e um nascer da lua magnífico, são atrativos que fazem o pernoite na Isla del Sol valer a pena!


Amanhã às 7h saíremos de barco para conhecer o outro lado da isla, o lado norte. E para encerrar, como nem tudo são flores, para compensar a vista deslumbrante que temos no quarto, o chuveiro não esquenta... Vou tomar banho só lá em Cusco!

Vista que me fez deixar de lado o banho quente. Você trocaria?

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