quarta-feira, 26 de junho de 2013

Caminos Andinos - 7º dia

O busão de Puno para Cusco foi uma zona! Estava marcado para sair às 20h30 mas saiu mais de 21h. Nesse ponto foi uma boa, pois chegaríamos em Cusco um pouco mais tarde. Dentro do ônibus descobri que pessoas mal educadas estão espalhadas por todos os lugares. Alguns vão te empurrando, não pedem licença, são grossos, briguentos, discutem por tudo...

Na poltrona atrás da minha tinha uma criança que não parava de chorar. Dentro do ônibus tinha tanta coisa que havia mala até no corredor. Não entendi que tanto de coisa era aquela que o povo carregava. Não sendo suficiente toda essa bagunça, o casal das poltronas da frente, que também estava com dois filhos, resolveu sair na porrada. Isso mesmo, na porrada! Os dois se esbofetearam com as crianças no colo, e elas chorando, e o resto do pessoal dentro do ônibus gritando, chamando a polícia... foi um caos! No final não aconteceu nada, todo mundo se acalmou e de vez em quando eles trocavam alguns murros e garrafadas.

Quando finalmente acho que estava tudo tranquilo, meu primo, que estava sentado ao meu lado, começa a vomitar pela janela. Aí o caos voltou... Gente gritando para fechar a janela, criança chorando assustada com a gritaria, meu primo vomitando, o casal se estapeando de novo... E assim forma as minhas oito horas de viagem...

Você achou que não poderia piorar, né? Por volta das 2h da manhã, o ônibus parou no posto da aduana peruana. Lá há fiscalização de aduana em cada divisa de província. Três fiscais entraram revistando tudo. Apreenderam um monte de coisa, levaram um monte de mala e a galera só chorava, ninguém reagia. Dentro do ônibus ficou um clima de tensão, por parte dos peruanos por causa da possibilidade de perderem suas coisas, e da nossa parte, que não sabíamos exatamente o que estava acontecendo. Acho que era tudo contrabando. Depois de muito choro e tempo parado, continuamos a viagem, e consequentemente o caos. De tempos em tempos o ciclo se repetia: meu primo vomitando, gente gritando para fechar a janela, criança chorando, casal se esbofeteando e vamos que vamos!

Na rodoviária de Cusco, às 5h da manhã, pegamos um táxi e fomos para um hostel bem massa. O jeito foi descansar um pouco para mais tarde fazer algum passeio. Por volta das 9h levantei e fui mandar minhas roupas sujas para a lavanderia, acertar os passeios da tarde e do dia seguinte e também entrar em contato com Daniel Abarca para acertarmos os detalhes da tão esperada Trilha Inca. Antes de sair, já acertei com Edwin, no hostel mesmo, para fazer hoje um passeio pelos templos de Qorikancha, Sacsayhuaman, Q'enqo, Pukapukara e Tambomachay, e amanhã Vale Sagrado. Depois dos passeios acertados, fui ligar para o Daniel. Para minha surpresa, dizia que o telefone não existia. Então mandei um e-mail com o endereço do hostel onde nos hospedamos.

Aproveitamos para dar uma volta na cidade, comer e comprar algumas coisinhas. Quando chegamos na Plaza de Armas, de repente começa uma manifestação. Era uma greve de professores. Foi interessante acompanhar isso de perto. Eles faziam suas reivindicações de forma pacífica, não houve nenhum tipo de tumulto.

Paro de los maestros - a greve foi por melhores condições de trabalho.


Paramos para lanchar num lugarzinho bem bacana. Eu tomei um suco de laranja, abaxi e folhas de coca, acompanhado de uma omelete de bacon com champignons. Delicioso!! Após o lanche voltamos ao hostel para nos prepararmos para os passeios. Esse foi o grande problema. As ruas em Cusco são todas muito parecidas e o povo não dá informação correta, cada hora nos mandavam para um lado. Mas no final das contas e depois de muito andar encontramos o hostel.

Estreitas e com construções altas são características de quase todas as ruas do centro de Cusco.

As ruas estreitas fazem com que os carros compactos sejam a preferência cusqueña.

Às 13h30 em ponto a moça da agência de turismo apareceu para nos buscar, como meu primo ainda não estava se sentindo bem, ele decidiu ficar, então fui sozinho. Saí tão na correria que esqueci a câmera digital. Ainda bem que a câmera de filme estava na minha mochila.

A primeira parada foi no templo de Qorikancha. Ali dá para ver claramente como os espanhóis se impuseram para os incas. Uma igreja foi construída em cima do templo, chegando a utilizar alguns muros incas para sustentar as colunas da igreja.

Coluna espanhola apoiada em muro inca.

Vista geral do Convento de Santo Domingo, construído em cima do templo de Qorikancha.

Depois fomos para Q'enqo, nesse lugar eram feitos os sacrifícios numa caverna embaixo da pedra. É um templo bem mais simples que os outros, mas muito interessante também. Em frente ao templo tem uma pedra em forma de sapo, que para os incas representava a chuva, porque os sapos coaxam antes de chover. Além disso, a pedra faz a sombra de um puma no solstício de verão.

Outro sítio que visitamos foi o de Tambomachay, um lugar dedicado a água. Diz a lenda que a água de Tambomachay traz a juventude eterna para os incas, assim como a da Isla del Sol para os tiwanakotas. O interessante é que ninguém sabe onde fica a fonte. Os incas guardavam como segredo de estado o lugar da fonte porque o primeiro tipo de ataque dos inimigos era envenenar a fonte das cidades.

O último templo visitado foi Pukapukara, que foi uma espécie de albergue dos incas. Lá os que estavam em viagem pelas cidades podiam descansar. O lugar também servia de base para os mensageiros e havia um desse a cada 25 km entre os caminhos que ligavam o império inca. Infelizmente chegamos a Pukapukara de noite, o que não nos deixou admirar muito as ruínas, mas foi uma experiência muito legal andar por lá somente sob a luz da lua. Não tenho muitas fotos desses lugares porque esqueci a S90 no hostel e levei somente a F-1. Voltando para Cusco paramos numa feira de artesanato. Cheguei a Plaza de Armas por volta das 19h.


Quando cheguei ao hostel, Daniel Abarca estava me esperando para nos dar as instruções para a Trilha Inca. Daniel é um cara muito gente boa e atencioso. Conversamos bastante sobre Cusco, incas e passeios. Depois da conversa fomos jantar no Mc Donald's e depois dormir para o tour de amanhã, que será Pisac, Ollantaytambo e Chincero.

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