terça-feira, 18 de junho de 2013

Caminos Andinos - 6º dia

Acordamos às 6h da manhã para ver o sol nascer e hacermos desayuno, pois às 7h deveríamos sair de barco para conhecer o lado norte da Isla del Sol. Como tudo naquela ilha, o nascer do sol foi fantástico, digo de aplauso. Acompanhamos esse espetáculo enquanto tomávamos café, que por sinal foi o melhor café da manhã até agora. O povo da Isla del Sol é muito caprichoso! Gostei muito desse lugar!

Assim como tudo nessa Isla, o nascer do sol é fantástico!
 

Após o café, pegamos nossas coisas e descemos até o porto. Não sem antes passar na Fonte da Juventude Eterna para tomar um pouco d'água. Ser eternamente jovem até que não é uma má ideia...

Já na descida rumo ao porto, a certeza de que a Isla del Sol seria um lugar inesquecível já tomava conta de mim.

Embarcamos rumo ao lado norte da isla. Como da primeira vez que o vimos, a grandeza do Titicaca surpreende. Adélio Ramos, nossos guia, nos falou dos peixes do lago. O que me deixou abismado foi ele ter dito que lá havia trutas de mais de 1 metro de comprimento. No Brasil as trutas tem em média 30 cm. Outra informação surpreendente foi que na época de chuva o Titicaca chega a subir seu nível em 1 metro. Imagina o quanto não chove nesse lugar para fazer um lago de 8 mil km² subir 1 metro!

Depois de aproximadamente uma hora de viagem chegamos ao lado norte. A baía onde atracamos é linda. Na pequena praia de cascalhos uma água tão clara que estaria facilmente igualada com as do Caribe ou Polinésia. O mais legal foi saber que um brasileiro estava acampado nessa praia há 4 meses. Nesses quatro meses só pescando, caminhando, remando, pensando... Que doidera! Infelizmente não pudemos ir conversar com ele pois nosso tempo estava apertado.

Porto do lado norte da ilha.
Lá em baixo a barraca do brasileiro que tem como paisagem de sua porta essa pintura.

A paisagem do lado norte é bem diferente do lado sul. No norte é quase tudo pedra e não tem árvores, apenas alguma vegetação rasteira. Nossa primeira visita foi na Roca Sagrada, a pedra que representa o puma, e logo depois a pedra do descanso da lua. Assim como no lado sul, essas ruínas são tiwanakotas. Para eles, a divindade era representada pelo condor, simbolizando o céu e os deuses; pelo puma, simbolizando a terra e a vida dos homens; e a serpente, simbolizando o subsolo e a vida após a morte. Logo em frente a Roca Sagrada está o altar de sacrifício, ali em todo solstício de verão, assim que o sol transpusesse a Roca Sagrada, uma virgem era sacrificada em agradecimento ao deus maior.

Roca Sagrada

Rocha do descanso da lua.

Altar de Sacrifício.

Em seguida fomos ao labirinto de pedra, que foi um templo religioso e servia de abrigo para os outros tiwanakotas que vinham em peregrinação a esse templo. Dentro dele há uma fonte de água natural que, segundo eles, cura todas as enfermidades. Tomei essa água também, uma vez que tomei a água da juventude eterna, nada melhor do que ser eternamente jovem e saudável!

O labirinto foi um misto de templo e albergue tiwanakota.

Como tudo que foi construído pelos tiwanakotas, o posicionamento da construção em relação a posição do sol foi estratégico.
Não se sabe muito sobre a origem dessa fonte de água, apenas se sabe que essa água não vem do Titicaca.

Todos os tiwanakotas que chegavam ao templo com alguma enfermidade, após beber dessa água , retornavam curados para as suas casas,

Muitas fotos depois, voltamos embora. Estava encerrada nossa estadia nesse lugar maravilhoso chamado Isla del Sol. Como não haveria tempo para voltarmos no barco das 10h, acertamos para que voltássemos direto do lado norte da ilha para Copacabana. Foi uma viagem muito gostosa.

Última vista da ilha que marcou nossa passagem pela Bolívia.

Retorno tranquilo pelas águas calmas do Titicaca.

Chegamos em Copacabana cedo, dando-nos tempo para almoçar tranquilamente antes de ir para Puno. Nosso almoço foi milanesa napolitana, algo que tentar ser o nosso bife à parmegiana, com a diferença de que o queijo é branco e empanado também. Estava muito bom! Às 13h30 partimos para Puno. Pouco depois chegamos à fronteira, onde carimbamos a saída da Bolívia e a entrada no Peru. O lado peruano é bem mais bonito e organizado. Foi tudo tranquilo nessa parte.

Ainda no ônibus, acertamos como Sr. Max a nossa passagem de Puno para Cusco e um passeio para as Islas Flotantes de Uros por Bs. 140. Nisso incluso o táxi da rodoviária para o porto, a lancha para as ilhas, entrada nas ilhas e táxi de volta para a rodoviária. Acho que fizemos um bom negócio. Aqui é interessante a possibilidade de se negociar por tudo. Posso deixar como exemplo a nossa viagem no trem da morte: a passagem custava Bs. 127 no guichê, nós pagamos BS. 120 mesmo não havendo mais passagens para venda. A paisagem no caminho entre Copacabana e Puno não muda muito, a diferença é que do lado peruano tem muito mais rocha, o que pode ser um paraíso para quem escala. Infelizmente, também notei que na parte peruana também tem muito mais lixo jogado por aí.

Paisagem repleta de rochas que acompanha o trajeto entre Copacabana e Puno.

Chegamos em Puno às 16h, hora local, digo hora local porque Puno tem uma hora a menos de fuso em relação a Copacabana, ou seja, duas horas a menos que no Brasil. Apesar do receio de ter levado um calote do SR. Max, deu tudo certo. Chegamos em Puno e ele nos levou para retirarmos as passagens e para guardarmos as mochilas numa sala trancada na agência. Logo após saímos para o passeio para as Islas Flotantes.

Foi tudo com combinado, táxi barco, entradas. O guia desta vez era um jovem bem simpático. Achei interessante a forma que o guia falou do lado boliviano do lago, um tom de desdenho podia ser percebido, e ainda completou dizendo que os bolivianos falam da mesma maneira. O que não é verdade. Enquanto estivemos lá, nenhum boliviano falou mal do lado peruano.

As islas flotantes são legais, mas dá para perceber que são totalmente comerciais. É muito interessante a forma que são construídas. As crianças de lá são bem legais, e lembram muito as crianças da aldeia guarani em que morei, são alegres, sorridente e principalmente curiosas. Depois da visita, antes de voltar a Puno, passamos no restaurante das ilhas pata tomar um mate de coca. Esse estava muito bom e diferente, porque foi adoçado com açúcar mascavo.
Várias pequenas ilhas formam o conjunto conhecido como Islas Flotantes.

Aqui uma pequena maquete mostrando o funcionamento de cada pequena ilha.

No passeio conhecemos o interior das casas onde antigamente moravam os Uros.




Na volta, o comandante do barco deu carona para um pessoal da ilha, mas o que era para ser uma viagem de 25 minutos demorou quase uma hora. No meio do caminho o motor do barco parou de funcionar. Ficamos ali, naquele breu, no meio do nada, vendo os caras tentando consertar o barco. Mas no final deu tudo certo e voltamos.


O táxi nos deixou na rodoviária por volta das 19h30. Como o ônibus estava marcado para às 20h30, deu tempo de comer, usar a internet e o banheiro. Às 20h fomos ao guichê da agência buscar as mochilas e advinha: não tinha ninguém e estava trancado. Nesse momento me bateu um leve desespero. Pensei milhões de coisas, todas ruins claro, mas depois de uns cinco minutos que pareceram uma eternidade o cara apareceu. Pegamos nossas coisas e embarcamos em direção à Cusco. Meu sonho de conhecer Machu Picchu estava cada vez mais próximo!

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