segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Diário de um branco na Aldeia Boa Vista - O primeiro contato


Como desde o começo da faculdade eu me identifiquei com a disciplina fotografia, decidi fazer um ensaio fotográfico. No entanto, também queria que o meu TCC fosse algo desafiador e que pudesse abrir portas para o mercado de trabalho, foi quando decidi unir ao ensaio fotográfico uma grande-reportagem.

A escolha do tema foi totalmente influenciada pela minha adolescência como membro do movimento escoteiro. Os anos na vida ao ar livre que passei como escoteiro me fizeram ter a curiosidade de
conhecer as técnicas mateiras dos povos indígenas. Essa vontade me fizera, por muitas vezes, sonhar em morar no Parque Indígena do Alto Xingu. Então, resolvi unir o útil ao agradável: fazer um ensaio fotográfico e uma grande-reportagem sobre o dia-a-dia de uma Aldeia Indígena.

Atividade conjunta das Tropas Sêniores dos G.E. Amizade e G.E. Ar Aviação do Exército na caminhada de Pindamonhangaba para Campos do Jordão pela Estrada de Ferro no ano de 1998

Depois de muita pesquisa, o primeiro contato com os indígenas ocorreu aproximadamente às 15h do dia 30 de dezembro. A 16 km do centro de Ubatuba, o acesso para a Aldeia Boa Vista fica no Prumirim, na beira da Rodovia Rio-Santos. A entrada é de terra e bem no começo da estradinha há um bar, onde parei para pedir informações. Fui recebido pelo Sr. Maurício dos Santos, vice-cacique da aldeia.
A 1,5 km do bar está o começo da Reserva Indígena. Neste local estão instaladas a enfermaria, cuja responsável é a Sra. Iris (que trabalha na Aldeia há 12 anos), e a escola. A escola é somente para os índios e os professores são os próprios indígenas que passaram em concurso público. Chegando neste “Posto da Funai”, fiquei impressionado com a vista da aldeia, não é à toa que se chama Boa Vista.
Neste mesmo local, conheci o Sr. Altino dos Santos, cacique da aldeia. Ele foi muito amistoso. Neste instante ele estava descarregando algumas compras que havia feito “na cidade”. Conversamos sobre meu trabalho, o cacique se mostrou interessado e disse que assim que eu conseguisse a autorização da FUNAI a aldeia estaria a minha disposição, sendo bem vindo para passar alguns dias com eles.

Werá Altino dos Santos, cacique da Aldeia Boa Vista

Também conversamos sobre a aldeia, seu Altino disse que ela é composta por 35 famílias, aproximadamente 150 pessoas, na sua maioria crianças, que felizmente se interessam pela cultura dos seus ancestrais. Como era antevéspera de ano novo, perguntei se eles comemoravam a passagem do ano, Seu Altino disse que na cultura Guarani não existe esta comemoração, mas eles celebravam comendo bolo e tomando refrigerante.
A etnia desses indígenas de Ubatuba é Guarani Mbyá. Dentro da cultura Guarani Mbyá, as aldeias tem que ter casa de reza, porém isso não acontece em todas as aldeias, apenas algumas têm. Para a minha sorte a Aldeia Boa Vista é uma das que possui.
Feito este primeiro contato, nos despedimos desejando feliz ano novo uns aos outros.

Opy, casa de reza guarani, sob a luz da lua cheia


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